Um dos países mais afetados pela crise financeira europeia, Portugal anunciou nesta segunda-feira (15/10) os principais de seu projeto orçamentário para o ano de 2013. Em meio a cortes que podem chegar à marca de 2,7 bilhões de euros, a proposta do ministro das Finanças do governo conservador do PSD (Partido Social-Democrata), Vitor Gaspar, estabelece uma elevação de 9,8% para 13,2% na alíquota do imposto de renda.
Com a manutenção dos planos de austeridade e de redução de investimentos em serviços de bem-estar social, a expectativa é de que ao menos 2% dos 600 mil funcionários públicos do país (ou 12 mil funcionários) tenham de ser demitidos. Até hoje, o país contava um empréstimo de 78 bilhões de euros cedido pela Comissão Europeia. Na opinião de Gaspar, contudo, permanecer contando com estes recursos seria “caminhar para uma ditadura da dívida e para o fracasso”.
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Para o governo, esse rígido orçamento é a única alternativa de “fazer com que o país corresponda às metas estabelecidas por seus credores”. “Não temos margem para manobras”, disse o ministro à imprensa.
Nos cálculos de Gaspar, o presente projeto permitirá que o déficit público português caia para 4,5% no ano que vem. Ele não exclui, na hipótese de uma conjuntura econômica favorável, que esse número chegue à marca dos 3% do PIB.
Agência Efe (14/10)
Esta é a pior recessão que Portugal vive desde a década de 1970. Atualmente, a taxa de desemprego é superior a 15%. Até 2013, ela pode chegar aos 16,4%. A economia portuguesa deve recrudescer 3% ainda este ano e, segundo o governo, 1% em 2013.
Protestos
Os portugueses têm acompanhado manifestantes de outros países gravemente atingidos pela crise na Zona do Euro e promovido protestos contra a onda de programas de austeridade adotada pelo governo para satisfazer seus credores.
Nesta segunda-feira foram mais de dois mil os que se reuniram em frente ao Parlamento para pedir a dissolução do governo do premiê Pedro Passos Coelho.
Antonio Jose Seguro, líder da oposição socialista, classificou as medidas adiantadas pelo ministro Gaspar como uma “bomba atômica fiscal” capaz de quebrar a economia. Uma greve geral está sendo organizada por associações sindicais do país para o próximo dia 14 de novembro. O descontentamento popular se intensificou com a notícia da elevação da alíquota do imposto de renda, algo que afeta diretamente o ganho real dos trabalhadores.