Após mais de 20 horas de discussão, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta terça-feira (30/04) a chamada Lei Ônibus, iniciativa com a qual o governo de extrema direita do presidente Javier Milei pretende transformar radicalmente a economia do país.
A sessão que terminou com a aprovação do texto em geral teve início na manhã de segunda-feira (29/04), mas a votação só aconteceu durante a madrugada desta terça, após quase um dia inteiro de deliberação.
Ao final, o projeto foi apoiado por 142 parlamentares, enquanto 106 votaram contra e outros cinco se abstiveram.
Para alcançar a maioria necessária, o partido governista A Liberdade Avança contou com o apoio do Proposta Republicana (PRO), legenda liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), e de outros dois setores de centro-direita: a Coalizão Federal, comandada pelo ex-peronista de direita Miguel Pichetto, e pela União Cívica Radical (UCR), recordada pelos inflacionários governos de Raúl Alfonsín (1983-1989) e Fernando de la Rúa (1999-2001).
O porta-voz da bancada governista, deputado Gabriel Bonoroni (A Liberdade Avança), afirmou após a votação que “estamos cumprindo o mandato que os argentinos nos deram, votando uma lei para os trabalhadores da Argentina. As organizações que já não cumprem funções relevantes serão dissolvidas. O Estado-elefante vai acabar. Menos Estado é mais liberdade, é simples assim”.
Do lado da oposição, votaram contra o projeto a Frente de Esquerda dos Trabalhadores (FIT, por sua sigla em espanhol), setor mais à esquerda, e a aliança peronista União pela Pátria, de centro-esquerda, mas que reúne tanto kirchneristas quanto peronistas mais moderados – como o ex-presidente Alberto Fernández (2019-2023), antecessor de Milei.
Um dos representantes dos setores de oposição, deputado Leopoldo Moreau (Movimento Nacional Alfonsinista), enfatizou que aqueles que votaram contra o projeto devem recusar o convite do presidente Milei para o ato no dia 25 de maio, no qual o mandatário pretende utilizar os tradicionais festejos pela independência do país para lançar seu “Pacto de Maio”, que é como ele chama seu grande projeto de desregulação da economia da Argentina.
“Poupem-nos do convite, no dia 25 de maio estaremos com o povo”, afirmou Moreau, sobre o discurso dos colegas governistas que enfatizaram a necessidade de demonstrar “unidade nacional” em favor do projeto do presidente.