Entre oito e 15 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas em mais um dia de confrontos na capital da Tailândia, Bangcoc, entre tropas de choque e manifestantes da oposição, no que já está sendo chamado de “Sábado Negro” pela imprensa local. Os revoltosos exigem a renúncia do governo.
A agência de notícias oficial tailandesa, MCOT, disse que o número de mortos confirmados, por enquanto, é de oito pessoas. Já a agência de notícias espanhola Efe, citando o Ministério da Saúde local, disse que o número de mortos pode passar de 15 e que o de feridos chega a 660 – destes, cerca de 240 seriam policiais e soldados. As demais vítimas seriam todas civis.
Entre os mortos, está o jornalista japonês Hiroyuki Muramoto, que trabalhava como correspondente em Bangcoc para a agência de notícias britânica Reuters. Ele levou um tiro no peito e morreu pouco depois.
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O governo culpou os “camisas vermelhas” – como são chamados os manifestantes correligionários do primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra – pelas mortes. O Centro de Resolução de Emergências de Bangcoc acusou os manifestantes de estarem armados.
O líder do grupo, Natthawut Saiku, antigo porta-voz do governo, discursou para os manifestantes prometendo continuar com os protestos.
“Não achem que o governo vai vencer. Este é só o primeiro round da luta”, disse Saiku, citado pelo jornal Bangkok Post.
Segundo ele, Shinawatra – que atualmente vive no exílio – teria mandado uma mensagem por SMS para os manifestantes, dizendo que o governo “ordenou a repressão ao povo. Por favor, venham ajudar a salvar a democracia. É preciso haver justiça.”
O porta-voz do comando de operação de emergências, Sansern Kaewkamnerd, disse ao jornal tailandês The Nation que os manifestantes teriam feito 28 soldados como reféns. Os militares estariam negociando com o grupo para liberá-los. O coronel disse ainda que foi despachada uma unidade para proteger a casa do general Prem Tinsulanonda, que derrubou Shinawatra em 2006, depois de informações de que os revoltosos estariam indo em direção à residência dele.
Recuo para trégua
Além da tropa de choque, o exército enviou cerca de 20 blindados e cavalaria para conter os manifestantes, que estão todos a pé.
De acordo com o Bangkok Post, houve também protestos da oposição na província de Khon Kaen.
Diante da gravidade dos confrontos, que já duram mais de um mês, o governo recuou e decidiu negociar com os revoltosos. Os soldados receberam ordem para deixar as áreas ocupadas da capital, deixando-as controladas pelos “camisas-vermelhas”. Em pronunciamento na TV, na noite de sábado, o primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva (liberal, adversário de Shinawatra), disse que o governo não vai se intimidar com a violência e fará “o necessário para restaurar a normalidade”, ainda que sem recorrer à força.
Na mesma transmissão, o coronel Sansern Kaewkamnerd, porta-voz do exército, disse que o secretário-geral do governo, Korbsak Sabhavasu, foi designado como negociador junto aos “camisas-vermelhas” para buscar uma trégua.
Um mês de protestos
O enfrentamento deste sábado começou quando manifestantes caminharam em direção ao quartel do exército da I Região, perto da Praça Real de Bangcoc, e a tropa de choque foi enviada para impedi-los.
Pela segunda vez na semana, os manifestantes invadiram um centro de telecomunicações estatal do país, para abrir um link de satélite e transmitir sua própria emissora, a PTV (People's Channel Television). O sinal foi retirado do ar pelos militares, horas depois.
Os protestos dos “camisas-vermelhas” na capital tailandesa já duram quatro semanas, em 28 dias contínuos desde que os oposicionistas ocuparam a Avenida Rajdamnoen, no centro de Bangcoc, em 13 de março.
O grupo forma a Frente Unida para a Democracia e contra a Ditadura, que se opõe ao golpe de Estado dado em 2006 contra o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, eleito democraticamente. Os protestos exigem a renúncia do atual governo de coalizão, visto como corrupto e liderado por Vejjajiva, líder do Partido Democrata (direita).
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