O presidente russo, Vladimir Putin, assinou, nesta segunda-feira (13/04), o decreto que cancela a proibição de seu país entregar foguetes antimísseis ao Irã. Além disso, Moscou iniciou um programa de troca de petróleo por mercadorias com Teerã, o que revela a determinação do Kremlin de fortalecer laços econômicos com a República Islâmica.
As medidas foram anunciadas após potências mundiais chegarem a um acordo provisório com o Irã para frear o programa nuclear do país, e sinalizam que Moscou busca se beneficiar de uma eventual suspensão das sanções impostas a Teerã.
Agência Efe
Rússia espera colher frutos econômicos e comerciais caso se finalize o acordo com o Irã
Em 2010, por pressão do Ocidente, a Rússia proibiu a remessa dos foguetes antimísseis S-300. O decreto de hoje não faz referência à possibilidade de provisão imediata desses foguetes ao Irã, mas abre a porta a entregas de armamento por via terrestre, marítima ou aérea, inclusive antes do fim do embargo da ONU.
Pouco antes do anúncio de Putin, o vice-ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, disse que a Rússia exigirá a suspensão do embargo internacional de armas a Teerã quando for feito o acordo nuclear com o Irã no fim de junho.
“Estamos convencidos que nesta etapa perdeu todo sentido a necessidade de um embargo desta natureza, em particular de um embargo russo separado, voluntário”, explicou Lavrov.
O Irã não se pronunciou sobre o tema.
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À Reuters, uma autoridade de alto escalão do governo disse que a Rússia começou a fornecer grãos, equipamentos e materiais de construção ao Irã em troca de petróleo, como parte de um acordo de troca de bens e serviços.
Críticas
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, expressou, nesta segunda (13/04), durante conversa telefônica, sua preocupação ao ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, pela decisão de Moscou. Ele ressaltou, no entanto, que esse passo não deve prejudicar o processo de negociações nucleares com Teerã.
“Não achamos que seja construtivo neste momento que a Rússia siga adiante com isso (…). Dadas as ações desestabilizadoras do Irã na região, em lugares como Iêmen, Síria ou Líbano, este não é o momento de vender-lhes este tipo de sistemas”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf.
Israel também criticou a possível provisão ao Irã de sistemas S-300 russos, que consistem em uma avançada bateria antiaérea com um alto grau de efetividade em ataques por parte de aviões e mísseis inimigos.
Segundo Israel, esse tipo de sistema, colocado em torno das instalações nucleares iranianas, impedirá qualquer opção militar se fracassarem as negociações ou se o Irã decidir finalmente fabricar armas atômicas.