O general colombiano Rubén Darío Alzate, libertado no domingo (30/11) pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), após ter sido capturado pela guerrilha, pediu baixa do Exército na noite desta segunda-feira (1º/12) e reconheceu os erros cometidos por ele, que colocaram em questão “a doutrina militar do Exército”. A captura do militar, em conjunto com outras duas pessoas, fez com que o governo colombiano suspendesse unilateralmente os diálogos de paz travados com a guerrilha em Havana. O presidente Juan Manuel Santos aceitou a saída do general.
Horas antes da declaração, Santos pediu que o general oferecesse “uma explicação ao país” sobre as condições nas quais ocorreu a captura.
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Agência Efe
Declarações foram dadas em coletiva de imprensa concedida no hospital militar de Bogotá
“Em minha honra militar, como primeira virtude de soldado que respeitei servindo por 33 anos à nossa pátria, e em amor e respeito à nossa instituição militar, peço ao governo a minha reforma do serviço”. A respeito do que teria acontecido no dia 16 de novembro, quando foi capturado, ele relatou que estava na região para estudar o desenvolvimento de um projeto piloto de energia alternativa mediante a instalação de turbinas para geração de eletricidade no rio Atrato, com o apoio do Governo de Chocó e que beneficiaria mais de 230 comunidades.
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De acordo com Alzate, a “vontade de trabalhar e o amor ao povo chocano me levaram a não adotar procedimentos de segurança”, o que foi reconhecido por ele como um erro. No momento da captura, ele estava com roupas civis, desarmado e sem escoltas, mas acreditava que sua visita à zona rural não apresentava riscos.
O general estava acompanhado pelo cabo Jorge Rodríguez e pela advogada Gloria Urrego, que foram capturados com ele e também libertados no domingo. Ainda de acordo com o relato, assim que chegaram à comunidade foram “abordados por quatro homens armados de fuzil”. Ele disse ainda que durante os 14 dias que ficou em cativeiro foi algemado e amarrado durante as noites, assim como o cabo Rodríguez. “Fomos forçados a caminhar por mais de oito por dia através da floresta e ameaçados de morte se decidíssemos tentar fugir”, acrescentou.
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A versão, no entanto, contrasta com o que foi apurado pelo site El Colombiano. Em conversas com camponeses moradores da região de Las Mercedes, em Chocó, onde aconteceram os eventos, eles relataram que Alzate se reuniu com várias pessoas em uma igreja e minutos depois foi abordado por guerrilheiros vestidos como civis e desarmados, que o obrigaram a subir em um bote e, na sequência, partiram rio abaixo.
Fotos polêmicas
Imagens da libertação de Alzate, que mostram o general sorridente e abraçado ao comandante conhecido como Pastor Alape, divulgadas pela TeleSUR e pelas redes sociais da guerrilha, geraram polêmica no país. De acordo com o militar, ele foi “forçado a participar de um show midiático” no qual foram feitos fotos e vídeos do dia de sua libertação.
Divulgação
“A paz triunfará”, diz legenda; Pastor Alape está à esquerda do general na imagem
O presidente Santos, por sua vez, rechaçou “energicamente” o uso das imagens da libertação por parte da guerrilha e ressaltou que “isso não estava acordado”.
O senador e ex-presidente Álvaro Uribe, maior opositor dos diálogos de paz entre o governo e as FARC, criticou a divulgação das imagens que chamou de “degradantes” e convocou a população do país a se rebelar contra o presidente Santos: “Muitos ou poucos temos a obrigação de nos rebelarmos contra o engano de Santos que igualou a democracia e seus soldados com o terrorismo”.
Um ato contra os diálogos de paz foi marcado para o sábado (06/12).
Veja outras das fotos divulgadas no domingo:
General Rubén Darío Alzate (centro), advogada Gloria Urrego (à esquerda), delegação das FARC e
representantes garantidores da libertação os cubanos, Rodolfo Benítez (camisa preta) e o cabo José Rodríguez
Gloria Urrego caminhando em Quibdó, junto com o secretariado das FARC Pastor Alape e o general Rubén Darío Alzate
A guerrilha também divulgou um vídeo exclusivo, no qual entrevista os soldados Paulo César Rivera e Jonathan Andrés Díaz, libertados na última terça-feira (25/11):