O presidente do Irã, Hassan Rouhani, declarou nesta terça-feira (05/01) que a Arábia Saudita não pode esconder “seu crime” de executar o clérigo xiita Nimr al-Nimr, realizado com outras 46 pessoas, com o rompimento de relações diplomáticas com Teerã.
“A Arábia Saudita não pode se esconder de seu crime de decapitar um líder religioso ao cortar as relações políticas com o Irã”, disse Rouhani durante encontro com chanceler dinamarquês na capital do país persa.
Agência Efe
Presidente iraniano condenou a execução do líder xiita Nimr al-Nimr
O chefe de governo iraniano ainda avisou que a discórdia entre as duas nações poderá afetar o combate ao terrorismo.
Paralelamente, o Kuwait anunciou nesta manhã que se uniu aos outros países do Oriente Médio ao conflito diplomático. Em comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores do Kuwait decidiu convocar seu embaixador em Teerã de volta para o país para consultas.
Segundo a nação, os ataques contra as sedes diplomáticas sauditas no Irã “representam uma violação flagrante dos acordos e normas internacionais”. Além disso, “são uma grave violação dos compromissos internacionais do Irã para a segurança das missões diplomáticas e a segurança dos diplomatas” e, por isso, o país estaria repatriando o embaixador kuwaitiano.
Agência Efe
Manifestação no Iraque contra a execução de Nimr al-Nimr
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Ataques a sedes diplomáticas sauditas
Duas sedes diplomáticas sauditas no Irã foram alvos de protestos na madrugada de domingo (03/01), devido à execução de 47 pessoas, entre elas o líder xiita Nimr al-Nimr, por terrorismo em Riad, capital saudita.
A multidão que se reuniu ao redor das embaixadas jogou pedras e acabou ateando fogo ao edifício. Cerca de 40 pessoas foram presas por suspeita de envolvimento no ataque, repudiado pelo presidente do Irã, Hassan Rouhani. Apesar de condenar a execução de Nimr, Rouhani afirmou que o ataque à embaixada saudita é “totalmente injustificável”.
Após o incidente, a Arábia Saudita rompeu relações diplomáticas com o Irã, repatriando seu embaixador no país e ordenando que todos os diplomatas iranianos saíssem de seu território nacional em 48h. Além disso, todas as relações comerciais e voos entre as duas nações foram suspensas pelos sauditas.
Junto aos sauditas, o Sudão, Bahrein e Emirados Árabes — todos comandados por sunitas — tomaram medidas para romper seus laços diplomáticos com os iranianos. Na ocasião, Teerã acusou a Riad de usar os ataques realizados à embaixada do país como pretexto para tirar as atenções dos problemas da monarquia sunita.
Revolta na região
O líder religioso xiita Sheikh Nimr al-Nimr era considerado um dos mais proeminentes militantes pela democracia na Arábia Saudita e, segundo sua família e seus seguidores, promovia a resistência pacífica ao governo saudita.
Sua execução provocou revolta em vários países do Oriente Médio, incluindo no Bahrein, onde a polícia reprimiu os manifestantes com gás lacrimogêneo. Também houve protestos no Iêmen, no Líbano, no Iraque, no Paquistão e na Índia, na região da Caxemira, majoritariamente muçulmana.
Novos protestos foram realizados na segunda-feira (04/01) no Iraque e no Paquistão.