A Arábia Saudita executou 47 pessoas neste sábado (02/01), informou o Ministério do Interior do país. Elas haviam sido condenadas à morte após terem sido consideradas culpadas pelo crime de terrorismo no país. Entre elas está o líder religioso xiita Sheikh Nimr al-Nimr, crítico da família real saudita e apoiador dos protestos contra o governo da Arábia Saudita por parte da minoria xiita realizados em 2011.
Em anúncio transmitido pela TV saudita, o ministro do Interior informou que as 47 pessoas executadas neste sábado foram condenadas por terem se unido a “organizações terroristas” e por implementar vários “planos criminosos”.
Agência Efe
Iemenita segura cartaz em apoio a Sheikh Nimr em outubro de 2014, quando ele foi sentenciado à morte
A lista de pessoas executadas inclui pessoas condenadas por envolvimento em uma série de ataques realizados entre 2003 e 2004, reivindicados pelo grupo extremista Al-Qaeda, que deixaram mais de 150 mortos, além de um cidadão do Chade e um egípcio. Elas foram executadas em 12 cidades sauditas, por decapitação por espada, método comumente usado no país, ou pelotão de fuzilamento, informou o ministro.
As execuções na Arábia Saudita aumentaram consideravelmente desde janeiro de 2015, quando o rei Salman chegou ao trono após a morte de seu pai, o rei Abdullah. Segundo organizações internacionais de direitos humanos, em 2015 o país executou pelo menos 157 pessoas condenadas por diversos crimes, inclusive tráfico de drogas e outras ofensas não letais – quase o dobro das 87 pessoas executadas em 2014.
Revolta no Oriente Médio
O líder religioso xiita Sheikh Nimr al-Nimr era considerado um dos mais proeminentes militantes pela democracia no reino, e segundo sua família e seus seguidores promovia a resistência pacífica ao governo saudita. Sua execução provocou revolta em vários países do Oriente Médio. Em Manama, capital do Bahrein, a polícia reprimiu com gás lacrimogêneo um protesto contra a execução de Nimr que reuniu dezenas de pessoas.
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Agência Efe
Protestante em Manama, no Bahrein, segura foto de Sheikh Nimr, executado pela Arábia Saudita
Hossein Jaber Ansari, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã – país de maioria xiita e rival regional da Arábia Saudita, governada por sunitas – acusou a Arábia Saudita de apoiar terroristas e de executar oponentes do terrorismo no país. “O governo saudita apoia terroristas e extremistas sunitas, enquanto executa e reprime críticos dentro do país”, declarou. Lideranças xiitas iranianas afirmaram que a execução de Nimr “custará caro” aos sauditas.
Mohammed al-Nimr, irmão do líder religioso executado, afirmou que certamente haverá reação de muçulmanos na região, mas que espera que os protestos sejam pacíficos. “Sheikh Nimr era muito querido por sua comunidade e pela sociedade muçulmana em geral e hão há dúvidas de que haverá reação”, declarou à Reuters. “Esperamos que todas as reações se deem de maneira pacífica. Ninguém deve reagir de outra maneira. Chega de sangue.”