O ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, apoiou, na noite desta terça-feira (11/06), a participação do Brasil em uma futura conferência internacional para resolver o conflito na Síria, mas admitiu que sua realização é complicada devido à falta de acordo sobre quem se sentará à mesa.
Em entrevista coletiva conjunta no Rio de Janeiro com o chanceler Antonio Patriota, Lavrov considerou a posição brasileira sobre o tema “positiva e equilibrada” e disse que sua presença na conferência “somente somaria”.
Por sua parte, o ministro brasileiro destacou o valor da conferência, já que “não há uma solução militar para a crise na Síria”, cuja situação atualmente é “verdadeiramente insustentável”.
Agência Efe
Patriota e Lavrov também discutiram a agenda dos próximos encontros do G20 e dos Brics
Ao mesmo tempo, Patriota apontou que “existem países que estão contribuindo direta ou indiretamente para a militarização” da Síria, embora não tenha citado nomes.
Lavrov, que garantiu que as posturas de Brasil e Rússia a respeito da Síria são “próximas”, declarou que a perspectiva de convocar a conferência é “bastante complexa”.
A comunidade internacional deverá colocar-se de acordo sobre que grupos de oposição participarão, disse o chanceler russo, destacando que Irã e Egito também deveriam estar presentes, porque são países que têm influência no conflito.
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A Rússia também acredita que na conferência deveria ser criado um órgão de governo transitório na Síria com base em um acordo entre as partes, enquanto os Estados Unidos querem que o governo entregue o poder à oposição, o que, segundo Lavrov, mina tal iniciativa.
Outros assuntos
Além do conflito na Síria, os ministros também abordaram em seu encontro como intensificar a relação comercial, energética, educativa e cultural entre os dois países. Patriota confirmou que o Brasil negocia a possível compra de sistemas de defesa antiaérea da Rússia para a proteção de eventos de alto interesse internacional, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
O chanceler, que não deu detalhes sobre a operação, disse que o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, visitará o Brasil em outubro para continuar essas conversas.
Por sua vez, Lavrov ressaltou que ambos países se puseram como meta conseguir que seu comércio anual chegue aos US$ 10 bilhões, algo que considerou “possível de conseguir” em vista dos projetos nucleares, energéticos e agrícolas conjuntos. Em 2012 esse fluxo alcançou quase US$ 6 bilhões, segundo dados do Itamaraty. O Brasil é o maior parceiro comercial da Rússia na América Latina.
Os dois ministros trataram também da cúpula do G20 que acontecerá em São Petersburgo em setembro, da qual a presidente Dilma Rousseff “deverá participar”, segundo Patriota. O chanceler disse que o Brasil apoia a agenda apresentada pela Rússia para esse encontro, que inclui a reforma das cotas dos países no Fundo Monetário Internacional.
Patriota contou que também falaram sobre a cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que será realizada no começo de 2014 em Fortaleza, na qual tratarão a criação do banco do grupo e o uso das reservas monetárias.
(*) com agência Efe