A Rússia iniciou nesta sexta-feira (30/05) uma ação penal contra a Ucrânia pelo suposto uso de métodos de guerra proibidos durante a ofensiva “antiterrorista” do governo de Kiev nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste do país.
“Intencionalmente, para matar civis pacíficos, utilizaram armamento, artilharia, aviação, alguns deles com símbolo da ONU, blindados e outras equipes”, afirmou Vladimir Markin, porta-voz do CI (Comitê de Instrução) da Rússia, a agências de notícias locais.
Segundo ele, o resultado disso é que “entre a população civil há mortos e feridos. Além disso, ficou destruída total ou parcialmente a infraestrutura industrial, energética, de comunicações e transporte, edifícios de casas, sociais e culturais, incluindo hospitais, creches e escolas”.
Agência Efe
Soldados ucranianos fazem guarda na sede do departamento “antiterrorista” de Izyum: são acusados de usar métodos de guerra proibidos
A acusação foi “pelos ataques contra as cidades de Slaviansk, Kramatorsk, Donetsk, Mariupol e outras cidades das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk”, de acordo com o que declarou Markin.
Segundo o CI, órgão judicial subordinado à Procuradoria-Geral russa e que costuma se encarregar dos casos mais famosos e controvertidos em matéria política, penal e criminal, os responsáveis pelas infrações são os soldados das Forças Armadas da Ucrânia, a Guarda Nacional e o ultranacionalista Setor Direito.
Entretanto, Markin reconheceu que, “por enquanto, não foi esclarecida a identidade” dos ucranianos que fichados e que, na Rússia, esses crimes são punidos com até 20 anos de prisão.
“Se os políticos em Kiev ou no Ocidente preferem continuar vivendo em uma realidade virtual e de propaganda, na fábula da roupa nova do rei, é problema deles”, criticou o porta-voz da CI. A Rússia, por outro lado, “não rejeita olhar de maneira sensata os fatos”, incluída a realidade “da incapacidade de o Estado ucraniano defender os direitos e as liberdades de seus cidadãos”.
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Para Markin, os culpados da morte de civis devem assumir sua responsabilidade e ser castigados de acordo com o direito internacional. “E, se hoje em dia não há nenhum Estado que seja capaz de reconhecer o evidente, que as ações das autoridades ucranianas são criminosas, então o Comitê de Instrução da Rússia, ao começar um caso penal, assume essa responsabilidade”, disse.
Tropas na fronteira
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou nesta sexta a retirada parcial das tropas russas da fronteira com a Ucrânia. “Vimos sinais, pelo menos, de retirada parcial. Segundo nossos dados, cerca de dois terços das tropas russas foram recuadas ou estão sendo neste momento”, disse o secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, durante a sessão da assembleia parlamentar da Otan em Vilnius, na Lituânia.
Até agora, Rasmussen havia negado insistentemente que as tropas russas houvessem se retirado da fronteira ucraniana, apesar de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantir que ordenou a saída duas semanas atrás.
Dívida ucraniana
A Ucrânia anunciou hoje que pagou à Rússia parte de sua dívida advinda da compra de gás. Segundo a BBC, a Gazprom recebeu U$S 786 milhões da Ucrânia, enquanto a dívida total chega aos U$S 3,2 bilhões.
Agência Efe
Guenther Oettinger, comissário de Energia da União Europeia, falou nesta sexta sobre pagamento da dívida ucraniana com a Rússia
O pagamento ocorreu após conversas entre Ucrânia, Rússia e a União Europeia, segundo o comissário de Energia da UE, Guenther Oettinger. “Não temos um acordo final ainda, mas fizemos progresso”, afirmou.
Recentemente, a Gazprom aumentou o preço de exportação de gás para a Ucrânia em cerca de 80%. Com o novo preço, Kiev paga mais pelo gás russo do que qualquer outro país na Europa. Além disso, a Rússia ameaçou cortar o envio do combustível no dia 3 de junho caso a dívida não fosse paga.