Ao contrário das alegações da polícia britânica, o inglês Mark Duggan, cuja morte, na última quinta-feira (04/08) deu início a uma onda de distúrbios nas ruas das principais cidades da Iglaterra, não teria disparado tiros contra o grupo de policiais que o matou durante uma blitz. A informação é proveniente dos resultados iniciais da perícia, divulgados nesta terça-feira (09/08) pela IPCC (Comissão Independente de Queixas à Polícia, em português), órgão que investiga o caso.
Segundo os testes de balística, um oficial da CO19 (unidade armada da Scotland Yard) teria disparado dois tiros em direção a Duggan. Durante a investigação, uma bala foi encontrada alojada em um rádio preso ao corpo de um policial. E, segundo a perícia, essa bala teria sido “certamente disparada por uma arma da polícia”. Uma das possibilidades levantada pelo IPCC é que a bala poderia ter parado lá após ter ricocheteado ou após atravessar o corpo de Duggan.
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Duggan, de 29 anos, foi morto na tarde de quinta-feira no bairro de Tottenham, zona norte de Londres, depois que um grupo de policiais armados parou o táxi no qual ele se encontrava como passageiro, uma Toyota Estima cor prata, em Ferry Lane, próxima à estação Tottenham Hale. O IPCC afirma que Duggan portava uma arma carregada, mas não há qualquer evidência de que ela tenha sido disparada. O órgão afirma, porém, que outros testes serão realizados.
Duggan, pai de quatro filhos, foi morto com um tiro no peito, e recebeu outro disparo em seu bíceps direito. Oficialmente, ele morreu no local do incidente.
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O policial que disparou contra Duggan está suspenso de qualquer função com portes de armas, um procedimento policial considerado padrão. Sua suspensão deve durar ao menos até o término da investigação do IPCC.
“Nossos investigadores vão analisar as gravações de transmissões de rádio tanto da polícia quanto do serviço de ambulâncias, incluindo as chamadas de emergência, a procura de mais testemunhas. Também examinaremos qualquer material de inteligência e vigilância que conduza ao planejamento da operação [policial realizada naquela tarde]”, diz o documento do IPCC.
Um inquérito sobre a morte Duggan foi aberto na corte norte de Londres nesta terça-feira (09/08). O legista, Andrew Walker, suspendeu a audiência para o dia 12 de dezembro.
Uma ONG emitiu um comunicado em nome da família de Duggan em que ela afirma estar assustada pela série de tumultos ocorrida após sua morte: “A família quer que todos saibam que a desordem que está acontecendo não tem nada a ver com o episódio com Mark. Eles também querem que as pessoas saibam que eles estão profundamente perturbados pela desordem que afeta as comunidades de todo o país”.
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