O Vaticano contestou hoje (14/4) as declarações do cardeal Tarcisio Bertone no Chile, nas quais relacionou a pedofilia a homossexualidade, e afirmou que não considera de sua competência fazer afirmações de caráter psicológico ou médico sobre estes assuntos.
O cardeal Bertone, secretário de Estado vaticano, descartou nessa segunda-feira (12/4) uma relação entre a pedofilia e o celibato sacerdotal e afirmou que os casos são relacionados à homossexualidade.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, disse que as declarações de Bertone se referiam ao problema dos abusos por parte dos sacerdotes na Igreja “e não à população em geral”.
“As autoridades eclesiásticas não consideram de sua competência fazer afirmações gerais de caráter psicológico ou médico, para as quais se remetem naturalmente os estudos de especialistas e às pesquisas dirigem”, afirmou Lombardi.
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Com essas palavras, segundo os analistas, a Santa Sé “se distância” da afirmação por seu “número dois”.
Lombardi acrescentou que os únicos dados que dispõem as autoridades eclesiásticas sobre o tema dos abusos sexuais de menores por parte de sacerdotes são os facilitados recentemente pelo “promotor” da Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada destes casos, Charles Scicluna.
As declarações de Bertone geraram uma forte polêmica e colocaram em pé-de-guerra as ONGs de defesa dos homossexuais, entre estas a italiano Arcigay, que denunciou “o cinismo, a falta de escrúpulos e a crueldade” da hierarquia do Vaticano ao vincular a homossexualidade à pederastia, quando escondeu delitos sexuais perpetrados por parte de religiosos sobre menores.
ONG brasileira
A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais) criticou em comunicado as palavras do cardeal Tarcisio Bertone, ressaltando que diversos estudos apontam que a pedofilia não tem relação com a sexualidade do indivíduo.
“A ABGLT não aceita esta provocação do Vaticano contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, que não passa de uma tentativa de desviar a atenção do problema maior que se prolifera dentro do seio da Igreja Católica, o qual deve – sim – ser explicado e esclarecido para a sociedade em geral”, diz a carta.
Em seguida, a organização de defesa dos diretos gays ressalta que “defende um Estado Laico e entende que a liberdade religiosa não garante ao Vaticano o direito de julgar com suas próprias leis os seus pares que abusam de crianças e adolescentes. A ABGLT entende que religiosos que cometam crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes, além de ter o devido acompanhamento dos serviços de saúde, devem ser submetidos às penas previstas pela lei secular, assim como o restante da população”.
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