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Sociedade

Por que evangélicos americanos resistem à vacina contra covid-19

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Líderes evangélicos têm ajudado a semear a desconfiança na ciência, nos profissionais de saúde pública e nas vacinas

David Sloan

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2020-12-17T21:30:34.000Z

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Durante o verão no hemisfério norte, quando o coronavírus se alastrou pelos Estados Unidos, campanhas de desinformação promoveram teorias da conspiração com o potencial de colocar em risco a saúde de centenas de milhares de norte-americanos. Muitos cristãos evangélicos – um grupo de protestantes em sua maioria doutrinariamente conservadores – foram bombardeados de mitos sobre a vacina e a pandemia de covid-19.

Críticos acusaram pastores fundamentalistas de direita de perpetuar teorias infundadas que encorajavam seus seguidores a ignorar dados de saúde pública e especialistas em combate ao coronavírus. Algumas dessas teorias incluem a afirmação de que a vacina é a marca da besta ou que ela irá provocar esterilização em mulheres.

"Existe uma suspeita de que [o coronavírus] não seja real. Eles estão se afastando cada vez mais da realidade", disse Mark Labberton, presidente do Fuller Seminary, um seminário cristão evangélico da Califórnia.

Com o início da aprovação e distribuição de vacinas pelo mundo todo, tal desinformação pode representar um obstáculo para os profissionais de saúde pública na atual campanha de vacinação.

Mitos entre evangélicos

A vacina tem polarizado a comunidade evangélica de direita. Rumores sobre o uso mal-intencionado do imunizante e conspirações em massa têm sido cultivados nas redes sociais – e continuam a ser promovidos por alguns líderes religiosos.

Um dos mitos que se espalharam pela internet, por exemplo, é o de que o vírus é uma tática de encobrimento para o bilionário Bill Gates implantar microchips rastreáveis nas pessoas.

Já outras teorias infundadas afirmam que Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, ajudou a planejar a pandemia de coronavírus em benefício próprio. A desinformação foi propagada por um vídeo promovendo a chamada "Plandemic" (um jogo com as palavras "plano" e "pandemia" em inglês), teoria da conspiração que rapidamente se espalhou pelas alas conservadoras da web. Para contê-la, as empresas de mídias sociais tiveram que batalhar.

O pastor Tony Spell, da Igreja Tabernáculo da Vida (Life Tabernacle Church), em Baton Rouge, Louisiana, é conhecido por violar as medidas restritivas desde que o coronavírus aterrissou em solo norte-americano. Ele realizou reuniões lotadas em sua igreja quando as regulamentações estaduais as tornaram ilegais, além de rechaçar os avisos de que a pandemia é perigosa.

"Somos antimáscara, antidistanciamento social e antivacina", disse Spell à DW. Para ele, a vacinação tem motivação política e acabará deixando as pessoas doentes, embora as evidências disponíveis apontem o contrário. O pastor afirma que, com o início da distribuição das vacinas, vai continuar desencorajando seus seguidores a tomá-la.

Uma pesquisa realizada em julho pelo instituto norte-americano Pew Research Center constatou que cerca de 70% dos entrevistados já tinham ao menos ouvido falar que a pandemia foi planejada pelas chamadas elites, enquanto 36% acreditavam que isso era verdade.

O ceticismo em torno da vacina contra a covid-19 entre os conservadores cristãos é produto de décadas de uma desconfiança crescente na ciência, na medicina moderna e no que é descrito como a elite global. É também a raiz de uma rejeição maior a vacinas que, por décadas, ajudaram a quase erradicar várias doenças graves, incluindo sarampo e poliomielite.

"O raciocínio principal é uma profunda desconfiança no governo", diz Sam Perry, especialista em teorias da conspiração de direita e professor do núcleo interdisciplinar da Universidade Baylor, no Texas. "Existem certas alas da direita cristã que acreditam fazer parte da luta do bem contra o mal."

O receio entre muitos evangélicos de direita é que os líderes globais estejam tomando decisões sem embasamento bíblico e contra a vontade do Deus cristão.

Gary Rothstein/UPI Photo/newscom/picture alliance
O presidente americano em conferência da coalizão Evangélicos por Trump

Influência de Trump

Uma exceção dentro do governo é o presidente Donald Trump, que mantém forte apoio entre os evangélicos. Ao longo de seus quatro anos no cargo, ele obteve um índice de aprovação de até 78% entre os evangélicos brancos, com 54% de todos os protestantes apoiando o líder norte-americano.

Trump – cujos partidários o veem em grande parte como um outsider de Washington – usou sua posição para ajudar a perpetuar notícias falsas sobre o coronavírus. Após ter inicialmente dito que o vírus era uma farsa, ele tem transmitido mensagens contraditórias sobre o uso de máscaras – tanto em palavras quanto em ações, aparecendo repetidamente em grandes reuniões públicas sem a proteção facial.

Ele chegou inclusive a refutar a letalidade do vírus, dizendo que em breve ele irá desaparecer.

Trump desconfia de vacinações há tempos, mas tem tentado mudar de tom assim que os EUA começaram a aprovar a vacina contra a covid-19. Por meio do Twitter, ele também alegou falsamente que a vacinação pode causar autismo em crianças. São atitudes como esta que têm dado impulso às conspirações sobre a vacina.

"Donald Trump não inventou isso, mas acelerou drasticamente a desinformação, e algumas pessoas tendem a acreditar", disse Peter Wehner, vice-presidente e pesquisador sênior do Centro de Ética e Políticas Públicas e ex-redator de discursos do presidente George W. Bush.

Convencendo céticos

Alguns líderes evangélicos têm buscado soluções para combater as falsas informações sobre as diretrizes em torno da pandemia e da vacina.

Representantes do governo – como Francis Collins, diretor de longa data do Instituto Nacional de Saúde e cristão assumido – conversaram diretamente com líderes religiosos para conter os receios da população perante a vacinação.

No final de agosto, um grupo de mais de 2.700 líderes cristãos assinou uma carta escrita pela Fundação BioLogos, grupo de interesse de Collins, apoiando a "ciência em tempos de pandemia". O texto clamava aos cristãos para que "usassem máscaras, fossem vacinados e corrigissem a desinformação".

"Durante o verão, vimos circular uma quantidade crescente de teorias da conspiração e queríamos mostrar que há membros da comunidade cristã e muitos outros que apoiam as medidas de saúde pública", disse Deborah Haarsma, presidente da BioLogos, à DW.

Os EUA, que recentemente iniciaram a maior campanha de vacinação de sua história, em breve farão a transição da presidência de Trump para a do recém-eleito Joe Biden. Recairá então sobre a equipe do democrata a difícil tarefa de ajudar a dissipar a desinformação que o governo anterior ajudou a espalhar – ou que pelo menos não conseguiu deter.

"Há pastores e igrejas proeminentes que basicamente rejeitaram a ciência. Isso nunca é uma boa ideia no meio de uma pandemia", diz Peter Wehner.

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Política e Economia

Manifestantes em Mineápolis protestam pela segunda noite consecutiva contra morte de jovem negro

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Daunte Wright, 20 anos, foi morto no domingo (11/04) a 16 km do local em que ocorreu a morte de George Floyd

Redação

RFI RFI

Roma (Itália)
2021-04-13T14:16:00.000Z

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Mineápolis viveu uma segunda noite de protestos nesta terça-feira (13), apesar do início do toque de recolher na cidade americana, agitada pela morte supostamente acidental de um jovem negro por uma policial, em meio ao julgamento do ex-policial acusado pela morte de George Floyd, que mantém os Estados Unidos sob suspense. Daunte Wright foi morto por uma agente da polícia no domingo (11/04).  

O presidente americano, Joe Biden, pronunciou-se mais cedo sobre o ocorrido no fim de semana, dizendo que manifestações pacíficas são compreensíveis, mas que não há "absolutamente nenhuma justificativa" para violências.  

Após os protestos da noite de domingo, o prefeito de Mineápolis, Jacob Frey, decretou toque de recolher, que entrou em vigor às 19h desta segunda-feira (12/04) também na vizinha Saint Paul e nos três condados da região metropolitana, incluindo Hennepin, onde ocorreu o incidente. 

Morte “acidental” 

Wright, 20 anos, foi morto a tiros por "acidente" enquanto dirigia no domingo pelo Brooklyn Center, um subúrbio de Mineápolis, segundo a polícia. Os agentes haviam ordenado que o motorista do veículo parasse por uma infração de trânsito. Quando descobriram que ele tinha um mandado de prisão pendente, tentaram prendê-lo. 

O jovem desobedeceu a ordem de deixar o carro e seguiu no automóvel. A policial Kim Potter gritou “taser” (pistola elétrica de imobilização) e atirou. A policial acusada tem carreira de 26 anos e foi suspensa.  

O comandante da polícia local, Tim Gannon, disse que o caso foi "acidental" e que a policial envolvida não queria atirar, mas confundiu sua arma de fogo com a taser. "Foi um tiro acidental que resultou na trágica morte" de Wright. 

Ao toque de recolher se soma a mobilização de mil soldados da Guarda Nacional, para evitar novos tumultos. Ignorando a ordem da prefeitura, dezenas de manifestantes continuaram agitando cartazes e cantando palavras de ordem sob a chuva, em frente à delegacia de Brooklyn Center City. 

“Não consigo respirar”    

Essa nova morte de um cidadão negro pelas mãos da polícia reacendeu o trauma de uma cidade que sofreu várias noites de incidentes após a morte de George Floyd, em 25 de maio de 2020. Na noite de domingo, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar uma multidão que se reunia em frente à delegacia do Brooklyn Center. 

Após os incidentes, a defesa do ex-agente acusado pela morte de Floyd, Derek Chauvin, pediu ao juiz que conduz o processo que isolasse o júri, preocupado que as manifestações pudessem influenciar sua decisão. Mas tanto a promotoria quanto o juiz se recusaram a fazê-lo. "Vamos isolá-los na segunda-feira, quando antecipamos as alegações finais", informou o magistrado. 

Chauvin enfrenta acusações de homicídio culposo e doloso em segundo grau por seu papel na morte de Floyd, após imobilizá-lo colocando o joelho sob seu pescoço quando ele havia sido preso por supostamente ter feito um pagamento com uma nota falsa 

Vários vídeos mostram Chauvin pressionando o pescoço de Floyd por mais de nove minutos enquanto ele repetidamente lhe diz que não consegue respirar. As imagens desencadearam uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial nos Estados Unidos e no mundo.

A promotoria busca provar que a morte de Floyd foi causada por asfixia por parte da ação de Chauvin durante a prisão, e, para isso, convocou vários médicos a depor. Já a defesa argumenta que o óbito está relacionado ao fentanil encontrado em seu sangue, que se soma a fatores de saúde. 

O cardiologista Jonathan Rich testemunhou que a morte ocorreu devido aos baixos níveis de oxigênio induzidos pela "asfixia posicional" a que foi submetido. "Não vejo nenhuma evidência de que uma overdose de fentanil tenha causado a morte de Floyd", ressaltou Rich. 

A poderosa organização de direitos civis ACLU afirmou que a morte de Wright foi uma das 260 causadas pela polícia até agora em 2021. "O que precisa acontecer para que a polícia pare de matar pessoas de cor?", perguntou em um comunicado Ben Crup, o advogado da família Floyd, que também representará os parentes de Wright. 

AFP/Telam
Cerca de 40 pessoas foram presas no protesto desta noite

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