Onze pessoas, incluindo dois policiais, estão sendo investigados pela morte de um pescador no norte do Marrocos, afirmaram promotores públicos nesta terça-feira (01/11).
A decisão da promotoria vem após quatro dias de protesto pela morte de Mouhcine Fikri, um pescador de 31 anos da cidade de Al Hoceima, no norte do Marrocos. Ele morreu esmagado pelo triturador de um caminhão de lixo na sexta-feira (28/10), após tentar resgatar os 500kg de peixes-espada que havia pescado e haviam sido jogados no caminhão por policiais.
Agência Efe
População foi às ruas protestar contra morte de pescador (no cartaz: Bem-vindos à COP22, nós trituramos as pessoas aqui)
De acordo com a imprensa local, a polícia teria jogado no caminhão os peixes de Fikri por pesca ilegal, visto que não estava na época da pesca autorizada de peixes-espada. Segundo o jornal online Al-Araby, as autoridades teriam pedido dinheiro para permitir que o pescador ficasse com os peixes.
NULL
NULL
Também há acusações afirmando que os policiais ordenaram que o motorista do veículo ligasse o triturador quando Fikri pulou dentro da caçamba do veículo para tentar salvar sua mercadoria.
A morte de Fikri foi filmada e compartilhada nas redes sociais, causando revolta em diversas cidades do país. Além de Al-Hoceima, ocorreram protestos em Casablanca, Fez, Marrakesh — que sediará a COP22 (conferência do clima da ONU) a partir da próxima semana —, Aagadir, Essaouira, Rabat, entre outras, contra o abuso de poder pela polícia que teria levado à morte do pescador.
O governo marroquino já se pronunciou condenando o incidente e prometendo investigações para “determinar as circunstâncias exatas da tragédia e punir os responsáveis”.
“Ninguém tinha o direito de tratá-lo daquela forma. Nós não podemos aceitar oficiais agindo por impulso, com raiva ou em condições que não respeitem os direitos do nosso povo”, disse, por meio de comunicado o ministro do Interior, Mohamed Hassad.
Segundo ele, o rei marroquino, Mohammed VI teria pedido que o ministro visitasse pessoalmente a família de Fikri e garantisse uma investigação “meticulosa”.