O então juiz Sérgio Moro pediu ao Ministério Público Federal (MPF) que publicasse uma nota à imprensa desqualificando a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O episódio ocorrido em 10 de maio de 2017 foi revelado nesta sexta-feira (14/06) pelo portal The Intercept Brasil na série “Conversas secretas da Lava Jato”.
Desta vez, as conversas de Moro se deram com o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima – que, assim como Deltan Dallagnol, integra a força-tarefa da operação no Paraná. O atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro qualifica a atuação da defesa de Lula, no caso triplex, durante um dos pontos altos da operação, de “showzinho”.
Ainda segundo o The Intercept, “essas conversas provam que Moro estava sugerindo estratégias para que os procuradores realizassem sua campanha pública contra o próprio réu que ele estava julgando”.
Em um dos diálogos, a equipe da Lava Jato cita uma matéria do Brasil de Fato sobre o depoimento de Lula em Curitiba (PR) em maio de 2017 – o assessor que envia o link da reportagem sugere acompanhar a repercussão do caso na “mídia independente”.
Sérgio Moro se pronunciou na sexta-feira ao Estado de S. Paulo colocando em xeque a autenticidade das conversas. “Se quiserem publicar tudo, publiquem. Não tem problema”, disse.
Lima publicou uma nota nas redes sociais e também questionou a veracidade do conteúdo divulgado. “Desconheço completamente as mensagens citadas, supostamente obtidas por meio reconhecidamente criminoso, acreditando singular que o 'órgão jornalístico' volte-se agora contra mim, aparentemente incomodada pelas críticas que tenho feito ao péssimo exemplo de 'jornalismo' que produz”, disse. “Lembro, por fim, que a liberdade de imprensa não cobre qualquer participação de jornalistas no crime de violação de sigilo de comunicações”, completou.
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Sergio Moro pediu ao MPF que divulgasse uma nota contra o "showzinho" da defesa de Lula.
Vazamento
Uma série de três reportagens publicadas neste domingo (09/06) pelo Intercept Brasil expõe mensagens e áudios do ex-juiz federal Sérgio Moro, do procurador Deltan Dallagnol e outros membros do Ministério Público do Paraná que mostram atuação conjunta dos dois para impedir uma vitória eleitoral de Fernando Haddad e antecipar a prisão de Lula. AS conversas revelam até que o procurador tinha dúvidas sobre as provas que dizia ter no caso do tríplex.
Juristas de todo o país condenaram as atitudes do ex-juiz e do procurador durante os processos da Lava Jato. Nesta segunda, a OAB recomendou o afastamento de Moro e Dallagnol de seus cargos públicos até que investigações sejam concluídas.