O diretor da Inteligência Nacional dos Estados Unidos (DNI), James Clapper, reafirmou nesta quinta-feira (05/01) que a Rússia realizou ciberataques, além de fazer uso de “notícias falsas” e “propaganda”, para tentar interferir nas eleições presidenciais norte-americanas realizadas em novembro.
Clapper compareceu em uma audiência no Comitê de Serviços Armados do Senado sobre a suposta interferência russa cujo objetivo foi, segundo a inteligência norte-americana, ajudar o republicano Donald Trump a vencer as eleições presidenciais.
Moscou nega tais acusações, e Trump, agora presidente eleito, também rejeita as conclusões da agência de espionagem dos EUA.
Clapper destacou durante a audiência que a comunidade de inteligência dos EUA sustenta agora “com maior firmeza” que em outubro, quando divulgou suas primeiras conclusões sobre o tema, que a Rússia quis interferir nas eleições não só com ciberataques, mas com uma “estratégia multifacetada” que incluiu também “propaganda e desinformação”.
O diretor de inteligência dos EUA citou o site RT como parte de tal estratégia. “O RT foi muito ativo na promoção de um ponto de vista particular, depreciando nosso sistema, nossa suposta hipocrisia sobre direitos humanos”, disse Clapper, que também acusou o governo russo de usar redes sociais e notícias falsas.
O chefe da DNI preferiu não avaliar se a suposta ingerência russa influenciou no resultado das eleições, vencidas por Trump contra a democrata Hillary Clinton. “Eles não fraudaram cédulas ou nada do tipo. Não temos como avaliar o impacto [das supostas ações russas] nas escolhas do eleitorado”, afirmou.
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Clapper também declinou afirmar se a suposta interferência russa consiste em um “ato de guerra” contra os EUA, como questionou o senador republicano John McCain. “Esta é uma afirmação muito pesada que eu não acho que caiba à comunidade de inteligência”, disse.
Ele também acusou a Wikileaks, que divulgou os emails do Comitê Nacional Democrata supostamente hackeados por agentes russos em outubro, de “colocar a vida dos norte-americanos em risco” – “uma mentira”, disse a organização por meio de seu perfil no Twitter.
Clapper, o subsecretário de Defesa para Inteligência, Marcel Lettre, e o diretor da Agência de Segurança Nacional (NSA), Mike Rogers, entregaram uma declaração conjunta ao comitê na qual afirmam que a Rússia é um “ator cibernético” que representa uma “grande ameaça” para o governo e a infraestrutura militar, diplomática e comercial dos EUA.
“Avaliamos que só funcionários do mais alto escalão na Rússia poderiam ter autorizado os recentes roubos e revelações centrados na eleição (nos EUA)”, disseram na declaração conjunta.
O governo do presidente em fim de mandato, Barack Obama, impôs na semana passada sanções diplomáticas e econômicas à Rússia em represália pelos ciberataques.
Obama receberá hoje um relatório confidencial de inteligência sobre essas invasões, enquanto Trump se reunirá nesta sexta-feira (06/01) com os responsáveis da CIA, do FBI e da DNI para conhecer detalhes sobre a espionagem russa.