Em entrevista divulgada nesta segunda-feira (09/01), o presidente sírio, Bashar al Assad, disse acreditar que a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos deve ser algo positivo para seu país, devido à vontade de Trump de melhorar as relações dos EUA com a Rússia, principal aliado do governo sírio. Para Assad, a melhoria das relações entre os dois países é algo positivo para a Síria.
“A maior parte do conflito sírio é regional e internacional, dependendo majoritariamente da relação entre os EUA e a Rússia. Se há uma iniciativa genuína de melhorar as relações entre os dois países, isso afetará todos os problemas do mundo, incluindo a Síria”, afirmou. “A melhoria da relação entre EUA e Rússia terá um impacto positivo no conflito sírio.”
Assad também afirmou que seu governo está “pronto para negociar sobre tudo” nos diálogos mediados por Rússia e Turquia em prol do fim do conflito na Síria, que devem acontecer nas próximas semanas em Astana, capital do Cazaquistão. Ele questionou, porém, “quem estaria do outro lado” nas negociações. “Será uma oposição real síria? – e quando eu digo ‘real’ quero dizer que tenha de fato suas raízes na Síria, não na Arábia Saudita ou na França ou no Reino Unido”, declarou o presidente em relação ao apoio destes países aos grupos armados que se opõem a seu governo.
Agência Efe / Arquivo
O presidente sírio, Bashar al Assad: 'melhoria da relação entre EUA e Rússia terá um impacto positivo no conflito sírio'
As declarações de Assad foram dadas à imprensa francesa após uma reunião com parlamentares do país em Damasco no domingo (08/01) e divulgadas pela agência de notícias estatal síria Sana. Questionado sobre se estaria disposto a negociar sua saída da Presidência do país, Assad disse que sim, mas ressaltou que sua posição está ligada à Constituição síria.
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“A Constituição deixa bem claro o mecanismo por meio do qual você pode eleger e destituir um presidente. Então, se querem discutir este ponto, temos que discutir a Constituição, e ela não é propriedade do governo ou do presidente ou da oposição; ela é propriedade do povo sírio”, afirmou. “Este é um dos pontos que poderiam ser discutidos nesta reunião, mas eles [a oposição] não podem dizer ‘precisamos deste presidente’ ou ‘não precisamos deste presidente’, porque o presidente está ligado às eleições. Se eles não precisam dele, vamos às urnas.”
Sobre o bombardeio em Aleppo, cidade que estava dominada pelos grupos armados opositores e que foi retomada pelas forças do governo com o apoio da Rússia e do Irã, Assad afirmou que “é muito doloroso para nós, sírios, ver qualquer parte de nosso país destruída ou sangue derramado em qualquer lugar”, mas, como presidente, ele sustenta a investida aérea como parte dos esforços para retomar o controle da cidade.
“Toda guerra significa destruição, mortes, por isso toda guerra é ruim”, afirmou. “A questão é: como você pode liberar os civis nas áreas dominadas por terroristas? É melhor deixá-los, com seu destino sendo definido pelos terroristas, com decapitações, assassinatos, sem a presença do Estado? É este o papel do Estado, apenas observar? Você tem que liberar, e este é o preço às vezes, mas, no fim, as pessoas foram libertadas dos terroristas”, declarou.