Os Estados Unidos ordenaram nesta terça-feira (03/10) a saída de 15 funcionários da embaixada cubana em Washington, em resposta aos supostos “ataques” acústicos sofridos por pelo menos 22 dos diplomatas americanos em Cuba, e que levaram o Departamento de Estado a reduzir seus funcionários na ilha caribenha.
“O Departamento de Estado informou ao governo de Cuba que ordenou a saída de 15 funcionários da sua embaixada em Washington”, disse o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, em um comunicado.
A redução afeta quase dois terços do pessoal da embaixada de Cuba em Washington, segundo a imprensa americana; embora o Departamento de Estado tenha confirmado porcentagem de funcionários cubanos afetados.
“A decisão foi tomada devido ao fracasso de Cuba na hora de dar passos adequados para proteger os nossos diplomatas de acordo com as suas obrigações sob a Convenção de Viena. Esta ordem garantirá a equidade nas nossas respectivas operações diplomáticas”, explicou Tillerson.
O Departamento de Estado entregou ao embaixador cubano em Washington, José Ramón Cabañas, “uma lista” com os nomes dos 15 funcionários que devem sair do país em um prazo de sete dias, explicou aos jornalistas um diplomata americano, que pediu anonimato.
Cuba considerou como infundada e inaceitável a decisão do governo dos Estados Unidos, “bem como o pretexto utilizado para justificá-la, por afirmar que o governo de Cuba não adotou todas as medidas adequadas para prevenir os ataques”, afirmou o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.
Segundo o chanceler, a medida anunciada hoje pelo Departamento de Estado dos EUA de expulsar diplomatas cubanos de Washington, sem resultados conclusivos ou provas sobre os supostos ataques sônicos, acaba tendo “caráter eminentemente político”.
“O Departamento de Estado tem vazado informações mal-intencionadas com motivos políticos”, destacou Rodríguez.
O ministro de Relações Exteriores pediu que as autoridades americanas não “continuem politizando esse assunto”. Essa atitude poderia promover uma “escalada indesejada” de tensões e provocar um retrocesso nas relações bilaterais, já afetadas por recentes anúncios de Donald Trump sobre uma nova política para Havana.
Agência Efe
Chanceller cubano considerou decisão do governo norte-americano infundada e inaceitável
Rodríguez destacou que, desde que foram divulgadas notícias desses incidentes, Cuba atuou com “seriedade, profissionalismo e imediatismo”, iniciando uma “investigação cansativa e prioritária por indicação do mais alto nível do governo”.
O chanceler explicou que, em fevereiro, o próprio presidente de Cuba, Raúl Castro, solicitou ao encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Havana que compartilhasse mais informações para haver uma realização conjunta entre os dois países.
NULL
NULL
Rodríguez revelou que Cuba permitiu que diferentes representantes de agências especializadas dos EUA viajassem a Havana em três ocasiões – junho, agosto e setembro – para trabalhar no país pela primeira vez em 50 anos.
“Foram dadas todas as facilidades, incluindo a possibilidade de importar equipamentos, como mostra de boa vontade e do grande interesse do governo cubano de concluir a investigação”, destacou.
O chanceler indicou que, segundo resultados preliminares dessa investigação conduzida por especialistas americanos, não existem evidências da ocorrência dos “alegados incidentes”, nem das causas e da origem dos sintomas apresentados pelos diplomatas dos EUA.
O chefe da diplomacia de Cuba também afirmou que a proteção dos funcionários americanos, seus familiares e dos locais onde eles viviam no país foram reforçadas depois dos incidentes.
Apesar da tensão, Rodríguez reiterou a disposição de Cuba para uma “cooperação séria e objetiva”, com a qual as autoridades cubanas e americanas possam “esclarecer os fatos”.
Entenda o caso
Na última sexta-feira (29/09), o Departamento de Estado ordenou a retirada da maioria do seu pessoal em Cuba, ou seja, dos funcionários considerados “não essenciais” e seus familiares, por considerar que não podia “garantir sua segurança” na ilha.
Os EUA elevaram nesta terça-feira para 22 o número de funcionários americanos que apresentaram sintomas como “problemas no ouvido e perda de audição, enjoos, dores de cabeça, fadiga, problemas cognitivos e dificuldade para dormir” devido aos incidentes.
*Com informações da EFE.