Em palestra realizada no Simpósio Internacional 1917-2017 nesta terça-feira (03/10), em comemoração ao centenário da Revolução Russa, a historiadora da Universidade de São Paulo (USP) Elizabeth Cancelli afirmou que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, possui ideias herdadas do fascismo.
“O discurso do atual presidente norte-americano é de cunho fascista”, disse a professora, que ainda apontou para a presença de frases semelhantes as de propagandas fascistas. “É impressionante como ele solta slogans fascistas no seu discurso. Isso não nasce do nada, mas são sementes do século XIX”.
Cancelli, que compôs a mesa de debates sobre “A Revolução Russa e os EUA” junto com o professor de relações internacionais da UNIFESP Rodrigo Medina e com o professor de história da USP Sean Purdy, também comentou o agente de “unificação” presente na formação do Estado Nacional norte-americano que, segundo ela, estaria associado a práticas xenófobas, racistas e anticomunistas.
Agência Efe
Elizabeth Cancelli apontou para a herança fascista existente no governo de Donald Trump
NULL
NULL
“Os EUA têm esse grande componente de unificação que é o anticomunismo, que se associa com uma enorme suspeita de estrangeiros e com práticas racistas”, disse a professora livre-docente pela USP.
Discorrendo sobre a paranoia presente nos EUA durante o período da Guerra Fria, situação geopolítica onde o mundo se encontrava polarizado entre a nação norte-americana e a antiga URSS, Cancelli pontuou fatos históricos que representam práticas herdadas pela sociedade civil dos EUA até hoje, como a atuação da Ku Klux Klan na perseguição a militantes comunistas.
A professora ainda relembrou que o medo e a paranoia anticomunista foi instaurada pelo prórpio governo norte-americano, logo nos primeiros anos da Revolução Bolchevique. Em 1919, o então presidente Woodrow Wilson instalou uma campanha denominada Red Scare (medo vermelho) que, depois do macartismo, foi uma das maiores campanhas contra o comunismo iniciada pelo governo dos EUA.