Atualizado em 25/09/2018 às 10h50
Em agosto, após encerrar as sessões de quimioterapia contra um câncer de pulmão, o ator, diretor e dublador norte-americano Paul Leonard Newman foi informado de que teria poucas semanas de vida. Pediu aos médicos e familiares que o deixassem ir para casa em Westport, no Estado de Connecticut, onde morreu em 26 de setembro de 2008, aos 83 anos, rodeado por sua família.
Além de suas glórias como ator, era um homem progressista, tendo participado ativamente da campanha pelo fim da Guerra do Vietnã e pela pré-candidatura do senador Eugene McCarthy em 1968 na indicação do partido Democrata – que foi derrotado pelo então presidente Lyndon Johnson. Também foi importante ativista pelos direitos dos gays.
Sempre se mostrou preocupado por temas sociais, a ponto de todo o dinheiro que arrecadava com a venda de seus produtos alimentícios, por meio da empresa Newman Own, ser destinado a obras de caridade – até junho de 2012, essas doações chegaram a arrecadar 330 milhões de dólares.
Era atraente, simpático e também fervoroso amante dos esportes, em especial o automobilismo. Foi chefe de equipes de Fórmula Indy e de provas de endurance, além de não usar dublês em suas cenas de ação (em especial cenas de carros). Também participou da mítica corrida das 24 Horas de Mans em 1979, chegando em segundo lugar com um Porsche na classificação geral e vencendo na classe IMSA.
Histórico
Nascido em 26 de janeiro de 1925, filho de um bem sucedido comerciante de artigos esportivos, Newman começou a carreira em peças do colégio. Após ser dispensado da Marinha em 1946, foi estudar artes no Kenyon College. Dois anos mais tarde foi para Nova York, entrando para a renomada escola de formação de atores Actors Studio, dirigida por Lee Strasberg.
Lá conseguiu estrear como ator em séries de televisão. Na Broadway, alcançou notório sucesso crítico por sua atuação em Picnic. Essa interpretação e seu atrativo físico foram fundamentais para abrir-lhe as portas do mundo do cinema.
O estúdio Warner Bros foi o primeiro a se interessar por Paul Newman, quem estreou com O Cálice Sagrado (1954), um filme de tema histórico, dirigido por Victor Saville.
Sua grande oportunidade chegou quando foi escolhido para encarnar o boxeador Rocky Graziano em Marcado pela Sarjeta (1956), em filme dirigido por Robert Wise contracenando com o estreante Steve McQueen.
A partir desse desempenho, foi escalando degraus dentro de Hollywood até converter-se em um dos grandes astros na história da sétima arte. Em 1958, ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes com o drama O Mercador de Almas, de Martin Ritt.
Nos anos 1950, Newman estrelou películas como Deus é meu Juiz (1956), de Arnold Laven; Um de Nós Morrerá (1958), de Arthur Penn; Gata em Teto de Zinco Quente (1958), de Richard Brooks, adaptação da obra teatral de Tennessee Williams, contracenando esplendidamente com Elizabeth Taylor, e que lhe valeu a primeira indicação ao Oscar (foto abaixo); O Moço de Filadélfia (1959), de Vincent Sherman; a comédia Um Marido em Apuros (1958), de Leo McCarey.
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Esta esplêndida trajetória prosseguiu nos anos 1960 quando deixou de lado a influência de Marlon Brando, alcançando grande reconhecimento com suas atuações em Paixões Desenfreadas (1960) de Mark Robson; Exodus (1960) de Otto Preminger; Desafio à Corrupção (1961) de Martin Ritt; Paris Vive à Noite (1961), de Robert Rossen pelo qual voltou a ser indicado ao Oscar. A estatueta foi parar nas mãos de Maximiliam Schell por Vencedores ou vencidos.
Outros títulos importantes desta década foram Doce Pássaro da Juventude (1962), de Richard Brooks; O Indomado (1963), de Martin Ritt; Criminosos Não Merecem Prêmio (1963) de Mark Robson; Cortina rasgada (1966), de Alfred Hitchcock; Harper, o Caçador de Aventuras (1966) de Jack Smight; Rebeldia Indomável (1967) de Stuart Rosenberg; Hombre (1967) de Ritt; e o estupendo western “Butch Cassidy” (1969), primeira e exitosa colaboração com o diretor George Roy Hill e o ator Robert Redford, trio que se repetiria depois com Golpe de Mestre (1973).
Indicado outra vez como Melhor Ator por O Indomado e Rebeldia Indomável, concorreria também ao prêmio de Melhor Filme de 1968 com seu primeiro filme como diretor Rachel Rachel (1968), interpretada por sua esposa Joanne Woodward.
Para desenvolver seus projetos como diretor criou junto a outras destacadas personalidades da indústria do entertenimento, como Barbra Streisand, Steve McQueen e Sidney Poitier, a companhia “First Artists”.
Neste período, seus filmes eram de menor expressão, destacando-se porém O Homem da Lei (1972) e O Emissário de Mackintosh (1973), ambas dirigidas por John Huston; A Piscina Mortal (1975) de Rosenberg; Golpe de Mestre (1973) e Vale Tudo (1977), com direção de George Roy Hill. Estrelou também a exitosa película de catástrofes Inferno na Torre (1974).
Seu talento como ator foi relevante em Ausência de malicia (1981), um drama de Sydney Pollack, e em O Veredicto (1982), extraordinário tema judicial de Sidney Lumet. Por estes dois filmes voltou a ser indicado ao Oscar, um prêmio que lhe escapou até o fim da carreira.
Em 1985, foi agraciado com uma estatueta honorífica e um ano depois conquistou o Oscar de Melhor Ator com A Cor do Dinheiro (1986), de Martin Scorcese. Reaparece em grande estilo, já aos 77 anos, em Estrada para Perdição, trabalhando com Tom Hanks.
A derradeira fase de sua vida foi marcada pelo padecimento pelo câncer de pulmão, que provocou a interrupção de seus projetos teatrais. “Você começa a perder sua memória, começa a perder sua confiança, começa a perder sua inventividade. Portanto, acho que se trata de uma página virada para mim”, disse ele, em 2007, ao anunciar sua aposentadoria como ator.