Mili Alekséievich Balakirev, compositor, guia genial da nova música russa, mais conhecido popularmente por ter reunido o grupo de compositores que passaram à história como “Os Cinco” do que por sua própria música, morre em São Petersburgo, em 29 de maio de 1910.
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Balakirev nasceu em Nizhni Novgorod em 2 de janeiro de 1837, no seio de uma família aristocrática. Recebeu de sua mãe as primeiras lições de piano. Mais tarde, como assistente de Karl Eisrich, teve uma educação musical privilegiada.
Aos 18 anos, depois de cursar matemáticas na Universidade de Kazan, mudou-se para São Petersburgo onde conheceu Michail Glinka, quem o convenceu a se dedicar exclusivamente à música, uma vez que repartia seu tempo entre o estudo de engenharia e a música.
Em 1856, fez sua primeira apresentação pública como pianista, interpretando um concerto de sua autoria. Em princípios da década de 1860, motivado por sua paixão com o folclore russo e sob a influência de Glinka, passou a trabalhar com outros artistas na criação de um movimento musical propriamente russo, afastando-se do modelo europeu ocidental.
Em 1861 começou um grande trabalho pedagógico tendo como alunos Rimski-Korsakov, Mussorgski e Borodin. Em 1863 passa a lecionar na recém-fundada Escola Livre de Música em São Petersburgo.
Balakirev orientou os primeiros ensaios desses jovens para a consecução de uma música claramente russa na essência e antiacadêmica quanto a forma. A mesmo tempo, difundiu as obras dos Cinco mediante ciclos de concertos que dirigiu na Escola Livre e mais tarde na Sociedade Musical Russa.
Não obstante a hostilidade do ambiente artístico oficial, as persistentes dificuldades de todo tipo e também a gradativa emancipação de seus discípulos, ao que se acrescentou uma crise de misticismo, o afastaram das atividades musicais e induziram-no a aceitar um emprego nas ferrovias. Quando mais tarde, nomeado em 1883 diretor da Capela Imperial, cargo que ocupou durante quase 20 anos, quis voltar à música, encontrou falecidos quase todos os seus antigos amigos.
Nos últimos anos de vida, passou revisando e completando obras inconclusas, focando principalmente numa coleção de canções folclóricas, embora tenha colecionado também temas musicais de outras etnias e nações.
Sua primeira obra orquestral foi uma fantasia intitulada “Abertura sobre o Tema de uma Marcha Espanhola” (1857), variações sobre o tema do hino nacional da Espanha. Compôs também duas sinfonias: “Sinfonia nº 1 em Dó Maior” (1879) e a “Sinfonia nº 2 em Ré Menor” (1909). Porém suas obras mais conhecidas foram os poemas sinfônicos, dos quais podemos citar Tamara, Rússia e Na Boêmia. Cabe destacar também a suíte para orquestra Chopin-Suite bem como sua fantasia para piano Islamey-Fantasia Oriental, uma de suas composições mais conhecidas.
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Exigente consigo mesmo como o fora com respeito a seus colegas, sua composição lenta e reflexiva se traduziu num escasso número de obras, das quais somente duas alcançaram uma extensa notoriedade: Islamey e Tamara, nas quais trabalhou durante 15 anos até sua conclusão.
Balakirev tornou-se figura importante na história da música russa tanto por meio de suas composições como, principalmente, de sua liderança. Ajudou a dar curso à música orquestral russa e às canções líricas da segunda metade do século 19. Aprendeu de Glinka certos métodos para a orquestração do folclore russo e uma brilhante e transparente técnica orquestral apreendido das obras de Hector Berlioz a quem não conheceu.
Infelizmente, a demorada composição de diversas obras roubou de Balakirev o crédito por sua inventividade. Obras que poderiam obter grande sucesso foram completadas décadas depois e tiveram muito menor impacto. Isto se deveu ao surgimento de novos compositores e novos estilos que se impuseram. Outra consequência foi a tendência surgida de abusar dos detalhes, o que tirou das peças a frescura da inspiração e fez as obras de Balakirev parecerem ultrapassadas.
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