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Não demorou muito para que o candidato socialista à Presidência da França, François Hollande, respondesse às investidas de seu rival no segundo turno, Nicolas Sarkozy, para conquistar o eleitorado da extrema-direita do país. Nesta quarta-feira (25/04), Hollande acusou o atual presidente francês de mudar seu discurso para atrair os eleitores que no primeiro turno votaram em Marine Le Pen, da FN (Frente Nacional).
“Ele pretende seduzir inclusive os dirigentes da extrema-direita. Cada um faz a campanha que quiser, mas acho que a próxima Presidência deve ser para unir, não para dividir”, afirmou Hollande em entrevista à emissora pública France 2.
No primeiro turno da disputa, realizado no último domingo (22), Marine Le Pen conquistou 18% dos votos, garantindo assim o terceiro lugar das eleições presidenciais. Foi o melhor resultado do partido de extrema direita em sua história.
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Durante sua campanha, as principais propostas de Marine estavam ligadas ao combate à imigração, em especial de muçulmanos, além da saída da França da zona do Euro e da União Europeia.
Em entrevista também à France 2 nesta terça-feira (24/04), Sarkozy adotou um discurso ainda mais conservador e falou sobre a questão da imigração no país. Segundo ele, a França “não pode mais receber tantos estrangeiros”.
“O termo fronteira não é nenhum palavrão. É um erro enfraquecê-las enquanto a própria Europa não consegue dar conta de seus próprios limites. Eu digo: não podemos continuar recebendo tantos estrangeiros em nosso país”, disse o atual presidente que prometeu ainda, caso eleito, reduzir “pela metade” a entrada anual de imigrantes que queiram fixar residência no país.
Para Hollande, Sarkozy age como um “cata-vento” que muda de ideias em função dos eventos. O socialista também acusou o atual presidente de ter pressionado os empresários franceses para que atrasassem as demissões para depois das eleições.
Em resposta às acusações de Hollande, Sarkozy afirmou que não irá propor acordos com a FN para se manter no poder. “Não haverá ministros da FN, nunca quis isso. Os 18% dos franceses que votaram em Marine Le Pen não pertencem a ela, e devo dirigir-me a eles”, afirmou, em entrevista à rádio France Info nesta quarta.
Na terça, o atual presidente já havia afirmado que os votos conquistados por Marine não foram obtidos por simpatia à candidata. “Não há ninguém entre eles (eleitores da FN) que acredite que Marine Le Pen tenha capacidade de governar a França. Mas é uma forma de nos dizer: olhem nossa situação!”, disse.
Por meio de um comunicado divulgado também na terça, Sarkozy acusou seu rival no segundo turno de criticar os eleitores da FN. Além disso, o presidente reforçou os valores de sua campanha.
“Vou continuar a defender os nossos valores e compromissos: respeito das nossas fronteiras, a batalha contra a mudança de fábricas para o exterior, o controle da imigração e a segurança de nossas famílias”, destacou.
Apesar das acusações de Hollande e Sarkozy, Le Pen afirmou já na segunda-feira (23) que não iria apoiar nenhum dos dois candidatos no segundo turno, que será realizado no próximo dia 6 de maio. No primeiro turno, o socialista conquistou 28,63% dos votos, enquanto Sarkozy ficou com 27,18%.