Como parte das reformas anunciadas pelo regime de Bashar al Assad para conter a revolta que assola seu país, 15 milhões de sírios foram às urnas para renovar seus representantes dentro do poder legislativo. Pela primeira vez desde 1963, as normas estabelecidas pela nova Constituição aprovada no último mês de fevereiro colocarão à prova o fim do monopólio do partido governista Baath abrindo espaço para o pluripartidarismo.
Efe
Sírio vota na cidade de Damasco; oposição qualificou a votação como “farsa”
Além de ser assistida por um grande dispositivo de segurança, sua supervisão ficou a cargo de uma Comissão Eleitoral independente. Mesmo assim, isso não foi suficiente para que o Departamento de Estado norte-americano reforçasse sua oposição ao regime de Assad e considerasse a execução do pleito como algo que “beira o ridículo”.
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Isso porque, segundo Mark Toner, porta-voz adjunto do Departamento de Estado, “não é possível manter eleições críveis em um clima no qual os direitos humanos básicos estão sendo negados aos cidadãos e no qual o Governo segue agredindo sua própria população”.
A oposição síria que vive exilada compartilha do posicionamento dos EUA acerca dos moldes do pleito, qualificando-o como “farsa”. Diversos grupos argumentam que a eleição foi projetada para reforçar o poderio do regime e não direcionar o país para uma sociedade de visões e vozes plurais.
O SNC (Conselho Nacional Sírio), que se declarou como o principal grupo oposicionista, ignorou o pleito e seus candidatos. Ele insiste que o regime não vai conseguir se salvar com programas de reforma.
Ativistas dizem que a cláusula da eleição que limita o mandato presidencial a sete anos (podendo ser renovado por outros sete), prova a intenção do governo de criar dificuldades em lugar de estimular mudanças. Como a nova regulamentação não será implementada retrospectivamente, Assad poderá permanecer por mais 14 anos no poder.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, questionou nesta segunda-feira (07/05) a validade das eleições e reiterou o pedido de fim da violência no país a partir do plano de paz proposto por Kofi Annan.
“Só um diálogo político completo e sem exclusões pode levar a um futuro autenticamente democrático na Síria. Estas eleições não se realizaram dentro desse marco”, disse o porta-voz de Ban, Martin Nesirky, em comunicado distribuído na sede central da ONU em Nova York.