Os sul-coreanos irão às urnas nesta quarta-feira (19/12) para escolher o próximo presidente do país. A conservadora Park Geun-hye, líder do atual partido no poder, o Saenuri (Nova Fronteira), enfrenta Moon Jae-in, do liberal PDU (Partido Democrático Unido). Se escolhida, Park será a primeira presidente mulher da Coreia do Sul. O futuro governante, que assumirá o poder em fevereiro, cumprirá um mandato de cinco anos sem direito à reeleição.
De acordo com as mais recentes pesquisas de opinião, Park, filha do ditador militar Park Chung-hee, que comandou o país entre 1961 e 1979, tem uma pequena margem de vantagem sobre Moon, advogado especializado na área de direitos humanos. Levantamento divulgado pela rede de televisão KBS TV garante a vitória aos conservadores por 44,9% contra 41,4%, ou três pontos percentuais e meio de vantagem. Já a consulta da JTBC TV dá uma vantagem de apenas meio ponto sobre os liberais: 48% contra 47,5%. As duas pesquisas foram realizadas na última sexta-feira (14/12) – última data permitida pela lei para a divulgação de resultados.
Agência Efe
O candidato liberal Moon Jae-in cresceu nas pesquisas nos últimos dias da corrida presidencial sul-coreana
Todas as enquetes do último mês indicam uma tendência de aproximação de Moon em relação à adversária. Até a última semana, Park liderava com confortáveis oito pontos de vantagem. Em julho, os conservadores chegaram a aparecer com 21 pontos percentuais à frente.
Os rumos da corrida presidencial começaram a mudar quando o independente Ahn Cheol-soo desistiu da corrida presidencial para apoiar Moon. O líder do PDU também obteve apoio de outro candidato liberal, Lee Jung-hee.
Durante a campanha, os dois principais candidatos (os demais concorrem de maneira independente) prometeram introduzir novas políticas públicas para impulsionar a baixa taxa de natalidade do país. Também defenderam o reforço do estado bem-estar social, incentivo a pequenas empresas e renegociação da dívida imobiliária como estímulo ao consumo. Tudo isso em um cenário econômico em que os jovens estão com dificuldades para encontrar emprego. O país sofre com a disparidade de renda e preocupação sobre o domínio de “chaebols”, os grandes conglomerados empresariais controlados por um punhado de famílias. Os dois também são favoráveis a uma maior abertura de negócios com os EUA e China.
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Em relação à Coreia do Norte, os dois prometeram mais diálogo com o governo de Pyongyang – diferente dos anos de tensão sob o governo do atual chefe de Estado, Lee Myung-Bak, que condiciona a conciliação à desnuclearização do vizinho. Muitos analistas consideram este como um dos motivos para os norte-coreanos terem conduzido novos testes de foguetes, como o ocorrido na semana passada.
Uma das explicações para tantas semelhanças programáticas entre os dois principais candidatos está na necessidade de Park se mover mais para o centro por causa da insatisfação geral com Lee, também do Saenuri.
Perfis distintos
Já as diferenças estão mais evidentes na intensidade das medidas: Moon mencionou aumentar impostos para os mais ricos e deve ser mais conciliador frente ao vizinho do norte. Park, por sua vez, teme que os gastos com o bem-estar social sejam excessivos e prejudiquem o equilíbrio orçamentário do país.
Agência Efe
Park Geun-hye é filha de antigo ditador sul-coreano, assassinado em 1979, e pediu desculpas pela repressão do antigo regime
Tanto a mãe quanto o pai de Park morrem assassinados – a primeira em 1974, por um atirador pró-Coreia do Norte, e o segundo em 1979 por seu próprio chefe de espionagem.
Park enfrenta o legado de seu pai e se desculpou em setembro por violações a direitos humanos cometidas enquanto ele estava no poder. O mandato de Park Chung-hee foi marcado pelo estímulo econômico do país, mas também por forte repressão.
Por outro lado, Moon foi preso na mesma década por liderar protestos contra a administração do pai de Park. Refugiados da Coreia do Norte, seu pai trabalhou em um campo de concentração e sua mãe era vendedora ambulante.
O candidato liberal foi chefe de pessoal de Roh Moo-hyun, presidente que terminou seu mandato em 2008 e, dois anos depois, se matou em razão de denúncias envolvendo sua família em casos de suborno.