Agência Efe
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, defende uma revisão das relações com a União Europeia e, então, um referendo
Sem previsão para implementar o polêmico referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE (União Europeia), o primeiro-ministro britãnico, David Cameron, afirmou nesta segunda-feira (14/01), em entrevista a rádios, que o país não entraria em colapso caso saísse do bloco. O foco atual do político de renegociar as relações com a UE, aliás, não seria perigoso ou arriscado, segundo ele.
As declarações de hoje foram as primeiras de uma série que pretendem reforçar o esperado discurso na próxima semana, que provavelmente irá contra as opiniões de políticos europeus e norte-americanos, que acusam o premiê de uma política “isolacionista”. Cameron reiterou que está “confiante e otimista” que as renegociações podem funcionar e levar a uma relação mais confortável entre as partes.
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Segundo ele, a maior parte da população britânica é a favor de continuar na União Europeia, mas deseja rever os termos dessa relação, uma vez que se sente cansada de ficar de fora do debate sobre o funcionamento do bloco, em especial na zona do Euro.
Apesar disso, a realização de um referendo agora seria dar uma “falsa escolha” ao povo britânico, uma vez que não se sabe que modelo de Europa emergirá nos próximos anos frente à crise econômica. Somente com uma nova concepção das relações com a UE, em que uma série de poderes voltaria às mãos do Estado, é que o referendo poderia ser conduzido – e é com esse compromisso eleitoral que Cameron pretende ir às eleições parlamentares de 2015.
Inclusive, os planos de Angela Merkel, premiê alemã, de reformar a União Europeia para reforçar os laços entre os países são a melhor oportunidade para uma nova relação com o bloco. “Quanto àqueles que dizem que ‘você está pondo em risco nossa relação e negócios com a Europa’, eu não concordo com isso, porque o debate está acontecendo de qualquer modo. Então temos a escolha como políticos: você lidera esse debate e faz as melhores mudanças para o Reino Unido, ou você põe a cabeça debaixo da terra e espera que o debate vá embora. Ele não irá”, afirmou.
Em relação às acusações de que é chantagem o fato de o país poder vetar reformas no tratado do euro caso esteja insatisfeito com suas tentativas de nacionalizar certas políticas comunitárias, Cameron respondeu que “o Reino Unido, como todo outro membro, tem o perfeito direito de se posicionar como membro; pagamos uma conta alta e acreditamos que Europa deve mudar”.
Questionado sobre a administração de Obama ter se mostrado contra a realização do referendo, com medo de que o país se retire do bloco, o primeiro-ministro entendeu que os EUA desejam um Reino Unido forte como aliado na Europa, mas, no fim, “é o nosso país, nossa população, que deve decidir exatamente que tipo de relacionamento devemos ter”.
* Com informações de The Guardian e El País