As tropas francesas assumiram o controle nesta quarta-feira (30/01) do aeroporto da cidade de Kidal, o último e principal reduto dos insurgentes no Mali. Desde junho do ano passado, grupos armados dominaram a região norte do país africano e agora são obrigados a recuar em suas principais bases.
Agências internacionais e locais informaram que organizações tuaregues colaboraram com os franceses na reconquista de Kidal. Os rebeldes, que também buscam mais autonomia no deserto do norte, tomaram controle da cidade no início desta semana depois dos insurgentes a abandonarem.
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Oficiais franceses reconquistaram cidades do norte, que estavam sob domínio dos rebeldes desde junho
Os oficiais contaram também com o apoio de jatos franceses que bombardearam a região de Kidal por diversos dias desde o início da intervenção no dia 11 de janeiro. Segundo relatos citados por Reuters e France Info, alguns aviões e helicópteros da Força Aérea da França já aterrissaram na cidade para continuar com a operação.
A investida francesa contra os insurgentes no local continua e, por isso, ainda não existem muitas informações sobre a situação em Kidal, considerada o principal reduto do Ansar al Dine, grupo aliado à Al Qaeda no Magrebe. Citando um oficial malinês, a agência Reuters afirmou não houve resistência dos rebeldes durante a retomada da cidade.
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A chegada dos franceses a Kidal, localizada a 1,5 mil quilômetros da capital Bamako e próxima à fronteira argelina, acontece dois dias depois de outras duas grandes cidades do norte do país, Gao e Timbuktu, serem tomadas pelas forças aliadas ao governo malinês. Nesses casos, as organizações armadas também não ofereceram resistência.
Efe
Menino malinês de apenas 4 anos já está sofrendo com as consequências da guerra
O governo francês afirmou, no entanto, que é necessário ter cautela com a aparente calmaria no país africano. “Entramos em uma fase complicada, na qual haverá altos riscos de atentados e de sequestros. Os interesses franceses em toda a região do Sahel estão ameaçados”, ressaltou o chanceler Laurent Fabius, citado pela Efe.
Intervenção francesa
Grande parte do norte do Mali estava sob o controle de diferentes grupos insurgentes desde junho do ano passado. No início de janeiro, essas organizações armadas iniciaram avanço ao sul, onde está localizado o centro do poder administrativo malinês, e conseguiram conquistar importantes cidades.
Surpreendido pela investida militar, o presidente interino do país africano, Dioncounda Traoré, pediu ajuda da França para controlar essas organizações. O presidente francês, François Hollande, decidiu realizar a intervenção militar no dia 11 de janeiro, depois de acordo com Traoré. A “Operação Serval” já levou 2 mil oficiais franceses ao país africano. Nas próximas semanas, estima-se que o número de tropas deve chegar a 1,7 mil, totalizando 2,5 mil oficiais.
Em pouco mais de duas semanas de intervenção francesa, as forças aliadas ao governo malinês conseguiram garantir o recuo das organizações armadas e avanços significantes para a recuperação do controle territorial do país.
Ajuda externa
As tropas francesas e africanas contam com apoio militar crescente de potências ocidentais. Desde o início desta semana, França, Alemanha e Estados Unidos anunciaram mobilizações significativas em apoio à Operação Serval.
Até o momento, Mali, França e os demais países africanos contam com apoio apenas estratégico das grandes potências ocidentais.
Até o dia 28 de janeiro, a França possuía 3,5 mil soldados em território malinês, enquanto 4,5 mil militares trabalham em apoio à Operação Serval. Destes, 1,2 mil estão em países vizinhos, especialmente no Chade, Burkina Faso, Níger, Senegal e no mar.
A Afisma (missão de apoio da União Africana) tem, até o momento, 2,9 mil homens – sendo 1,4 mil do Chade, 500 do Niger, 350 do Togo, 200 da Nigéria, 150 de Burkina Faso, 100 do Benin e 50 do Senegal. Os demais são de outros países. No total, os países da região prometem contribuir, no total, com aproximadamente 6.500 soldados.
Além de Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, os países que oferecem ajuda estratégica são: Bélgica, Espanha, Canadá, Rússia e Emirados Árabes Unidos. A Itália estuda participar com o envio de um avião de transporte.