Atualizada às 20h50
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, e seu partido, o PP, foram envolvidos nesta quinta-feira (31/01) em um escândalo de corrupção divulgado pelo jornal El País. Após a apresentação de documentos do ex-tesoureiro do partido Luis Bárcenas, centenas de pessoas se dirigiram à sede do grupo governista como forma de protesto.
A denúncia diz respeito a uma contabilidade oculta que beneficiou as principais autoridades do partido. Entre os que receberam pagamentos estão Rajoy, a secretária-geral do partido, María Dolores de Cospedal, e o ex-presidente do Bankia Rodrigo Rato.
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Centenas de pessoas foram à sede do PP para protestar contra o suposto esquema de corrupção
De acordo com o jornal, por 11 anos, o presidente do governo recebeu dinheiro trimestralmente, que somavam 25.500 euros a cada 12 meses. A origem da verba seria “doações de empresários, principalmente do setor de construção”. Especula-se, porém, que se trata de comissões pagas por empresas, que seriam utilizadas para a compra de roupas novas a Rajoy.
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Cospedal convocou uma coletiva de imprensa, na qual argumentou que o PP sempre trabalhou de forma legal. A dirigente do partido conservador também informou que a legenda pretende entrar com uma ação legal contra o jornal espanhol. Segundo o Tribunal de Contas, o PP recebeu 33 milhões de euros em doações entre 1999 e 2007, dez vezes mais que o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), principal partido de oposição, no mesmo período.
Agência Efe
Secretária-geral do PP nega as acusações e diz que jornal El País será processado pelo partido
O PP também anunciou hoje que a cúpula do partido fará uma reunião de emergência no próximo sábado (02/02). O PSOE, por sua vez, exigiu que Rajoy se manifeste sobre o assunto.
Contas na Suiça
Bárcenas, ex-tesoureiro e ex-senador pelo PP, manteve até 2009 uma conta na Suiça que entre os anos de 2005 e 20009 teve um saldo médio de 15 milhões de euros. Segundo o juiz espanhol Pablo Ruiz, a conta alcançou 22 milhões em 2007. Ruiz está encarregado de investigar as acusações que pesam sob Bárcenas no caso Gürtel, rede de corrupção vinculada a altos funcionários do PP que afetou políticos das comunidades de Valência, Madri e Castilha e León.
O ex-tesoureiro regularizou no ano passado 10 milhões de euros provenientes de suas contas na Suiça. O advogado de Bárcenas afirmou no dia 18 de janeiro que o político aproveitou o período de anistia fiscal aprovada pelo governo Rajoy. O indulto fiscal vigorou entre 31 de março e 30 de novembro de 2012 e permitia que os espanhóis legalizassem os seus bens ocultos ao fisco pagando 10% ao Estado, quantidade que representa menos da metade dos impostos que deveriam pagar pelo processo regular.