Kim Ludbrook/EFE (17/02/2005)
Em 11 de fevereiro de 1990, após passar 27 anos preso, o ativista sul-africano Nelson Mandela, o mais conhecido inimigo do apartheid, foi libertado.
Nelson Rolihlahla Mandela foi a principal figura na luta contra o apartheid. Como jovem estudante de direito, uniu-se ao CNA em 1942 e, dois anos depois, com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, fundou a Liga Jovem do CNA.
Depois de a eleição de 1948 dar a vitória ao Partido Nacional, que apoiava a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, participando do Congresso do Povo (1955) que divulgou a “Carta da Liberdade” – documento que continha um programa fundamental para a causa anti-apartheid.
Comprometido de início apenas com atos não-violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana matou 69 manifestantes negros e feriu 180.
Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação). Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para a Argélia para treinamento paramilitar.
Preso em agosto de 1962, após o governo racista da África do Sul ter recebido relatórios secretos da CIA, Nelson Mandela foi sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964, foi condenado à prisão perpétua – inicialmente, havia sido condenado à morte na forca – por sabotagem, o que Mandela admitiu, e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul, o que sempre negou.
Em fevereiro de 1985, recusando-se a trocar uma liberdade condicional oferecida por parar de incentivar a luta armada, Mandela continuou encarcerado. No entanto, em 1990, pressionado pela intensa campanha interna do partido Congresso Nacional Africano e por uma campanha internacional que tinha como mote “Libertem Mandela”, o presidente Frederik Willem de Klerk não teve outra opção se não libertá-lo.
Wikicommons
Nelson Mandela em 2008, ao receber uma homenagem
Após 27 anos de prisão, Mandela negociou o desmantelamento do regime do apartheid, assinou um acordo estabelecendo o sufrágio universal e eleições democráticas. Em 1993, ao lado de De Klerk, recebeu o Nobel da Paz, por terem conseguido acabar com a segregação racial. Em maio de 1994, tornou-se presidente da África do Sul, naquelas que foram as primeiras eleições multirraciais. Considerado pela população negra sul-africana e por pessoas ao redor do mundo como um guerreiro em luta pela liberdade, foi tratado pelo governo racista de seu país como agitador, sabotador, guerrilheiro, assassino, subversivo e terrorista.
Entrando em seu gabinete presidencial, tinha consciência da importância planetária de seu êxito. E de sua personalidade como símbolo de dimensões históricas e globais. Entre os anos 1952 a 1990, fez apenas três aparições públicas e, no entanto, milhões de pessoas de países diferentes se somaram à causa pela sua libertação.
*Com elementos do website Nobelprize.org
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