Oficiais russos declararam nesta segunda-feira (24/06) que não têm autoridade para extraditar Edward Snowden aos EUA. O ex-funcionário da CIA, responsável por vazamento de informações secretas do do governo norte-americano, está nesse momento no aeroporto de Moscou à espera de definição para qual país embarcar. Washington exige que a Rússia impeça que ele embarque para outro país e que ele seja enviado aos EUA imediatamente.
Agência Efe
Imagem do aeroporto de Moscou; autoridades russas se negam a entrar na área de desembarque e prender Snowden
Segundo agências russas, Snowden não está a bordo do avião que saiu hoje (24) de Moscou com destino a Havana. A sua intenção inicial era ir para Cuba e, depois, pegar um voo direto para o Equador, onde o ex-funcionário da CIA solicita asilo político. Não existe uma conexão aérea direta entre Rússia e Equador.
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O representante de Direitos Humanos do governo russo, Vladimir Lukin, afirmou que Snowden está no terminal de embarque. Ou seja, não cruzou a área de passaporte, o que impossibilita autoridades russas de terem acesso. “Ele não está no território russo e não temos direito legal de entrar naquela área”, afirmou.
Ao saber da presença de Snowden no aeroporto de Moscou, Washington fez uma demanda imediata para sua extradição aos EUA. Em território norte-americano, Snowden irá ser julgado por vazamento de informações secretas do governo, o que o poderia levar a cumprir prisão perpétua.
“Os EUA não podem fazer qualquer demanda. Histórias de detetive são boas para uma leitura na cama antes de dormir”, afirmou Lukin à imprensa russa.
Em contrapartida, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou hoje (24) que, se os russos “ignorarem a exigência” de Washington, a situação será “profundamente grave”. “Seria muito decepcionante se ele tiver deliberadamente permissão do governo russo para embarcar em um avião”, disse Kerry, que estava viajando, em Nova Delhi. “Não háqualquer dúvida. . . que isso pode ter consequências”, disse ao jornal Washington Post
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Escândalo
Snowden vazou para a imprensa informações sobre programas do governo dos EUA e Reino Unido para monitorar telefonemas e acessos à internet. Ele chegou a mencionar a possibilidade de pedir asilo político à Islândia, onde operam organizações em defesa dos direitos civis em relação ao monitoramento de dados privados por parte dos governos.
Desde 5 de junho, quando foram publicados os primeiros artigos nos jornais The Guardian e The Washington Post, Snowden revelou muitos detalhes sobre o monitoramento realizado pela NSA (sigla em inglês para Agência de Segurança Nacional) nos EUA e no exterior. No domingo, o Sunday Morning Post assegurou que a NSA interceptou “milhões” de mensagens de texto enviadas pela rede de telefonia móvel chinesa. A China reagiu fortemente a esta última informação.
A agência Nova China chamou os Estados Unidos de o “maior vilão do nosso tempo” em termos de ciberataques. Estas acusações “mostram que os EUA, que tentaram por muito tempo apresentar-se como uma vítima inocente de ataques cibernéticos, têm-se revelado o grande vilão do nosso tempo” nesta área, de acordo com a agência oficial chinesa.
A NSA, segundo Snowden, também hackeou em 2009 os servidores da Pacnet, uma empresa com sede em Hong Kong, que administra a rede de fibra óptica mais extensa da região, bem como a prestigiada Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde estão localizadas as seis principais redes através das quais se pode acessar informações na internet de milhões de chineses.