O ex-consultor da CIA e ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden, que deixou Hong Kong em direção a Moscou, viajará para Caracas passando por Havana, indicaram neste domingo (23/06) as agências de notícias russas citando uma fonte da companhia aérea Aeroflot. O grupo Wikileaks disse hoje que ajudou Snowden a sair de Hong Kong em segurança. Em 14 de junho, os EUA apresentaram três acusações de espionagem e roubo de propriedade governamental contra ele e exigiram de Hong Kong sua extradição imediata.
Efe
Snowden, procurado pelos EUA após vazar para a imprensa informações sobre programas do governo de espionagem e grampos
“Um passageiro com este nome chegará hoje em Moscou no voo SU213 vindo de Hong Kong, e amanhã, 24 de junho, ele irá partir no voo SU150 para Havana”, indicou a fonte citada pela agência Itar-Tass, acrescentando: “no mesmo dia, ele deixará a ilha em direção a Caracas em um voo local”. Uma fonte da companhia Aeroflot confirmou à rádio Echo de Moscou que o nome de Snowden estava registrado em um voo entre Havana – Caracas, número V04101.
Segundo o site do aeroporto Cheremetievo de Moscou, o voo Hong Kong – Moscou SU 213 chegava na capital russa às 17H05 local (08H05 no horário de Brasília), e o voo SU150 Moscou – Havana decola segunda-feira às 14H05 local (7H05), com chegada prevista em Cuba às 18H45 local.
Wikileaks
Em sua conta no Twitter, o portal fundado pelo australiano Julian Assange informou que “ajudou no asilo político” do ex-técnico da CIA, “facilitando documentos de viagem e uma saída segura de Hong Kong rumo a um país democrático”. Em um texto divulgado ontem pelo Wikileaks também no Twitter, Assange, refugiado há um ano na embaixada equatoriana em Londres, afirmou que a acusação apresentada pelos EUA contra Snowden “está destinada a intimidar a qualquer país que possa estar considerando defender seus direitos”.
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O governo de Hong Kong, que confirmou sua saída, declarou não ter “bases legais” para evitar a partida do ex-consultor de 30 anos, justificando que o governo dos Estados Unidos não entregou até a sexta-feira informações suficientes para justificar a sua detenção e eventual extradição. “Snowden deixou voluntariamente Hong Kong hoje em direção a um terceiro país de forma legal”, indicou em um comunicado o porta-voz do governo, sem confirmar seu destino. O comunicado acrescenta que os Estados Unidos foram informados da partida.
Escândalo
Snowden vazou para a imprensa informações sobre programas do governo dos EUA e Reino Unido para monitorar telefonemas e acessos à internet. Ele chegou a mencionar a possibilidade de pedir asilo político à Islândia, onde operam organizações em defesa dos direitos civis em relação ao monitoramento de dados privados por parte dos governos.
Desde 5 de junho, quando foram publicados os primeiros artigos nos jornais The Guardian e The Washington Post, Snowden revelou muitos detalhes sobre o monitoramento realizado pela NSA nos EUA e no exterior. No domingo, o Sunday Morning Post assegurou que a NSA interceptou “milhões” de mensagens de texto enviadas pela rede de telefonia móvel chinesa. A China reagiu fortemente a esta última informação. A agência Nova China chamou os Estados Unidos de o “maior vilão do nosso tempo” em termos de ciberataques. Estas acusações “mostram que os EUA, que tentaram por muito tempo apresentar-se como uma vítima inocente de ataques cibernéticos, têm-se revelado o grande vilão do nosso tempo” nesta área, de acordo com a agência oficial chinesa.
A NSA, segundo Snowden, também hackeou em 2009 os servidores da Pacnet, uma empresa com sede em Hong Kong, que administra a rede de fibra óptica mais extensa da região, bem como a prestigiada Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde estão localizadas as seis principais redes através das quais se pode acessar informações na internet de milhões de chineses.