Ainda de luto pelo massacre de mais 600 pessoas, a crise social e política do Egito ganha, cada vez mais, contornos de tensão. Na noite desta quinta-feira (15/08), o governo autorizou as Forças Armadas a utilizarem armais letais contra os manifestantes. Em represália, na manhã de hoje (16), a Irmandade Muçulmana convocou para o país uma “sexta-feira de raiva”.
Agência Efe
Exército se prepara para confronto com manifestantes no Egito
O estado de emergência e o toque de recolher obrigatório amenizaram o clima de violência após massacre. No entanto, diz a imprensa local, existe a promessa de confronto entre os apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi e os favoráveis ao governo interino. A perspectiva é que mais de um milhão de islâmicos saiam às ruas após realizar a oração diária do meio-dia. “Vamos desafiar o estado de emergência”, bradaram os manifestantes.
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Gehad El-Haddad, porta-voz da Irmandade e um dos poucos dirigentes que não foi detido, admite que os protestos poderão fazer regressar a violência, mas afirma que “depois das detenções e mortes, as emoções estão muito elevadas entre membrosda Irmandade Muçulmana para serem comandadas por alguém”.
Agência Efe
Ainda a contar o número de mortos, a promessa é de uma “sexta-feira de raiva”
Outro ingrediente que promete aumentar a tensão é que a Frente de Salvação Nacional, coligação de partidos liberais que apoiou a deposição de Mursi, pediu aos seus manifestantes para também saírem às ruas. Segundo informações da imprensa europeia, alguns bairros organizam-se para impedir a passagem dos manifestantes islâmicos pelas suas zonas. Cristãos coptas, grupo social importante do Egito, organizam-se para impedir que mais igrejas sejam atacadas.
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A comunidade internacional se manifestou sobre a grave crise no Egito. O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, expressou nesta quinta-feira (16/08) sua “indignação” pela violência exercida no Egito contra os manifestantes e pediu à comunidade internacional para que ajude a sociedade egípcia “a encontrar caminhos de diálogo e negociação”.
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Os membros do Conselho de Segurança da ONU assinalaram ontem (15) sua “preocupação” com a grave situação no Egito e pediram a todas partes o final da violência. Os membros do Conselho “rejeitaram toda forma de violência”, disse à imprensa a presidente de turno do órgão a embaixadora argentina, María Cristina Perceval, no final de uma reunião a portas fechadas.