O principal concorrente de Angela Merkel (CDU) nas eleições alemãs do dia 22 de setembro, Peer Steinbrück (SPD), provocou polêmica nesta semana ao aparecer em uma foto na capa da revista do jornal Süddeutsche apontando o dedo do meio. Por estar atrás nas pesquisas de intenção de voto, os alemães se perguntam se o gesto foi um movimento oportunista ou, simplesmente, um desabafo.
A foto veio acompanhada da pergunta “Peergafe, Peerproblema, Peerlusconi – o senhor não deve se preocupar com apelidos simpáticos, não é?”. Steinbrück participou de uma seção da revista em que perguntas são respondidas por meio de gestos. O candidato alega que não sabia que a imagem com o dedo médio em riste iria direto para a capa da revista.
Apontar o dedo do meio é considerado uma ofensa grave na Alemanha. Caso isso seja feito no trânsito – e nem precisa ser necessariamente durante uma briga – o motorista pode levar uma multa de até € 4.000 (cerca de R$ 12.000).
Reprodução
Reprodução da capa da Süddeutsche Zeitung Magazin, na qual Peer Steinbrück aponta o dedo do meio
Steinbrück é conhecido por suas inúmeras gafes. Em dezembro do ano passado, por exemplo, afirmou que chanceleres alemães ganham muito pouco – o salário de Merkel está estimado em € 208 mil (quase R$ 630 mil) por ano, segundo a revista Wirtschafts Woche. Em março de 2013, foi flagrado roubando balinhas de um companheiro de partido na frente de câmeras de TV.
O partido de Steinbrück, agora, tenta contornar a situação. O líder do SPD, Frank-Walter Steinmeier (ele mesmo, um ex-candidato ao governo alemão), disse a um jornal de Düsseldorf que “a ironia na figura é claramente reconhecível”. Ao mesmo tempo, adversários aproveitam para criticá-lo. O deputado Wolfgang Bosbach, do partido de Merkel, afirmou ao Neue Osnabrücker Zeitung que, “quem tão perto da eleição assim se apresenta, não quer virar chanceler”.
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Pesquisas
O jornal Die Welt afirma que o gesto de Steinbrück pode ter decidido a eleição – contra ele. Segundo a publicação, o SPD vinha em um bom momento após um debate televisionado entre o candidato e Merkel no dia 1º de setembro, mas a foto poderia anular essa vantagem.
As pesquisas divulgadas na sequência do evento, de acordo com um monitoramento diário do jornal Frankfurter Allgemeine, mostravam uma leve (ainda que insuficiente) reação. Os efeitos da foto só devem ser medidos com maior precisão, no entanto, após este final de semana.
A eleição pode trazer problemas para a continuidade de um governo Merkel. Seu principal aliado, o FDP (Partido Democrático Liberal, na tradução para o português), corre o risco de não atingir o mínimo de 5% dos votos e ficar sem representação no Bundestag. Isso obrigaria a atual chanceler, caso a CDU não consiga maioria absoluta (o que parece improvável), a tentar uma coligação com o SPD de Steinbrück –que, por sua vez, não descarta a possibilidade.
Segundo uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (13) pelo instituto FG Wahlen, o partido de Merkel tem 40% das intenções de voto, seguido do SPD, com 26%. Os Verdes, aliados potenciais de Steinbrück em caso de uma coalizão alternativa, registram 11%, na frente de “A Esquerda” (resultante do partido que governava a antiga Alemanha Oriental), que tem 8%, do FDP (6%) e da AfD (4%).