Em resposta aos novos protestos que eclodiram na Turquia nesta semana, o governador da província de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, disse nesta sexta-feira (13/09) que o direito de protestar não pode ser invocado “à meia-noite”, uma vez que pode perturbar os cidadãos. Ontem (12), os policiais usaram gás lacrimogêneo para dispersar os grupos de manifestantes, que saíram às ruas em algumas cidades turcas pela terceira noite seguida.
Leia mais:
Acusados de estupro coletivo na Índia são condenados à morte
Falando a repórteres sobre os protestos na cidade de Kadiköy, Mutlu afirmou que os habitantes do município estavam sendo perturbados pelos incidentes. Lembrando que a polícia não interferiu em fóruns realizados nos últimos três meses em parques de Istambul como uma exigência de “sensibilidade democrática”, ele disse que, apesar disso, não seria aceitável para um grupo de mil pessoas evocar seu direito de protestar à meia-noite.
Leia mais:
ONU confirma uso de armas químicas na Síria, mas não aponta responsáveis
“Eles não podem utilizar tal direito a essa hora da noite. Eles não podem perturbar Kadiköy. Não podem usar esse direito jogando coquetéis molotov por toda parte. Os habitantes de Kadiköy estão fazendo isso? Não. São grupos marginais”, afirmou Mutlu.
Agência Efe
Manifestantes marcham na província de Hatay, na Turquia, nesta quarta-feira. Eles protestam contra o governo turco
Houve protestos semelhantes em Ancara e, nas mídias sociais, circularam informações sobre manifestações também nas cidades mediterrâneas de Antalya e Antakya, mas a dimensão das manifestações não foi a mesma daquelas que inquietaram a Turquia entre junho e julho deste ano.
Leia mais:
Rival de Merkel aparece em revista apontando dedo do meio e causa polêmica na Alemanha
Desta vez, os protestos se originaram da morte de um jovem de 22 anos em Antakya, próxima da fronteira síria, na madrugada da terça-feira (10). Ahmet Atakan morreu durante confrotos com a polícia, que, segundo alguns manifestantes, o teria assassinado. Entretanto, as imagens de um cinegrafista local mostram que Atakan morreu por ter caído de um prédio, segundo o site Al-Monitor. As investigações sobre as causas da morte continuam.
NULL
NULL
“Estamos protestando pela morte de Ahmet. Não vamos desistir da resistência até que haja justiça. O governo sabe que não vamos parar, por isso a polícia está aqui”, afirmou um manifestante de Kadiköy que se recusou a dizer seu nome.
Os protestos mais recentes acontecem seis meses antes das eleições locais, o começo de um ciclo de votação que inclui uma eleição presidencial em agosto do próximo ano – na qual o atual primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, deve ser um dos candidatos – e votações parlamentares em 2015.
“Esforços de uma pequena minoria de criar caos e causar danos na Turquia nunca serão bem-sucedidos”, afirmou Erdogan no discurso de abertura de uma feira em Istambul na terça. “Se houver interferência ilegal nas áreas de liberdade de outras pessoas, nós vamos, com todas as nossas forças de segurança, exercer a autoridade conferida pela lei ao limite”.
Agência Efe
Polícia utilizou gás lacrimogêneo e canhões de água contra manifestantes na noite desta quarta
No último dia de maio, a polícia turca confrontou violentamente ativistas que haviam ocupado o parque Gezi, em Istambul, contra um plano de desenvolvimento que pretendia derrubar suas 600 árvores. O incidente repercutiu por todo o país contra o governo de Erdogan, considerado cada vez mais autoritário, deixando milhares de feridos. Os protestos são o maior desafio do partido do primeiro-ministro, AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento) desde que chegou ao poder, em 2002.
Erdogan, que mobilizou centenas de milhares de partidários em comícios vistos como demonstrações de força durante os protestos do verão, tem dito repetidamente que o público dará sua resposta aos manifestantes nas urnas.