O tribunal da cidade russa de Murmansk determinou neste domingo (29/09) uma ordem de prisão preventiva por dois meses para oito ativistas do navio quebra-gelos do Greenpeace Arctic Sunrise acusados de pirataria, entre a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel.
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Esses oito sentenciados se juntam a outros 22 tripulantes que receberam a mesma pena provisória na última quinta-feira. Eles são acusados de pirataria, o que pode lhes render quinze anos de prisão.
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Devido à insuficiência de tradutores e juízes, o tribunal adiou até este domingo (29) a audiência prévia dos casos oito ativistas.
Agência Efe
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A última a conhecer a medida preventiva foi justamente a brasileira, que por volta das 19h deveria ficar em liberdade por esgotar-se as 72 horas de detenção que lhe impuseram na quinta-feira.
Porém, o tribunal, composto por cinco magistrados, pediu a prisão preventiva também para ela, apesar de o promotor e o relator do caso não terem se oposto à solicitação que a defesa de Ana Paula fez para que fosse libertada.
A Justiça russa acusa os tripulantes de um delito de pirataria após serem detidos há dez dias no mar de Pechora quando tentavam invadir a plataforma petrolífera Prirazlomnaya do gigante energético russo Gazprom.
O consórcio energético planeja começar a produção de petróleo nessa plataforma no primeiro trimestre de 2014, o que, segundo a ONG, aumenta o risco que se produza um vazamento em uma área que contém três reservas naturais protegidas pela própria legislação russa.
Os ativistas detidos procedem de 19 países: Brasil, Rússia, Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, República Tcheca, Polônia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e França.
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Nesta semana o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu que os ativistas do Greenpeace não eram piratas, embora tenha assegurado que tinham infringido a lei internacional. Ele pediu que os ecologistas utilizem métodos civilizados para expressar suas reivindicações.
Os detidos
As imagens, postadas na internet, mostram Dmitri Litvinov, bisneto de um ministro das Relações Exteriores de Stálin, em uma cela na sala de audiência. Diplomatas de vários países assistiram as audiências.
O Artic Sunrise foi interceptado no Ártico pelas autoridades russas e rebocado para Murmansk. Os ativistas negam ter cometido atos de pirataria e acusam a Rússia de ter interceptado ilegalmente seu navio em águas internacionais.
Entre os detidos também está o capitão do navio do Greenpeace, o americano Peter Willcox, que ocupava esse mesmo posto à frente do Rainbow Warrior em 1985, quando o barco da ONG ambientalista foi afundado pelos serviços secretos franceses.
A prisão preventiva do fotojornalista Denis Siniakov, que trabalhou para a AFP e Reuters em Moscou, também provocou agitação. Meios de comunicação russos, como a rádio Eco de Moscou ou o site Gazeta.ru, publicaram quadrados pretos no lugar das fotos em suas páginas na internet em solidariedade a Siniakov.
Quatorze membros da tripulação estão em um centro de detenção em Murmansk, e oito na cidade vizinha de Apatity.
Segundo Irina Païkatcheva, que dirige uma comissão de observação sobre o respeito dos direitos dos prisioneiros na região de Murmansk, um britânico está atualmente preso com dois russos suspeitos de roubo, o que é contra a lei. “É uma violação”, declarou à AFP, explicando que, segundo a legislação russa, os suspeitos estrangeiros devem permanecer separados dos russos. Ela também acrescentou que os membros da tripulação estavam detidos em “condições satisfatórias”.