O Parlamento ucraniano rejeitou nesta terça-feira (06/05) a proposta de realizar um referendo nacional que daria mais autonomia às regiões do país. A consulta seria realizada em conjunto com as eleições presidenciais, no dia 25 de maio, e atenderia a uma das principais demandas dos manifestantes anti-Kiev que protestam no sudeste do país desde a deposição do presidente Viktor Yanukovich, em fevereiro.
“Atualmente, não temos como garantir a segurança nem dos membros das comissões eleitorais, nem dos próprios eleitores”, disse ao RT uma das lideranças parlamentares do Fatherland, um dos pricipais partidos que formam a coalizão do governo interino ucraniano. De acordo com ele, por motivos de segurança o plebiscito foi rejeitado, conseguindo o apoio de apenas 154 dos 226 parlamentares necessários.
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Agência Efe
Envolto em uma enorme bandeira nacional, Parlamento da Ucrânia rejeitou realização de referendo por autonomia
Também hoje, os deputados do Partido Comunista da Ucrânia foram impedidos de entrar no Parlamento e participar da sessão plenária. Os parlamentares foram barrados após se manifestarem contra a realização da sessão a portas fechadas, além de criticar a atuação do governo central de Kiev na condução dos enfrentamentos. O líder da bancada comunista, Petro Symonekno, chamou a autointitulada “operação antiterrorista” levada a cabo no sudeste do país de “assassinato em massa de civis” e pediu que as autoridades investiguem os eventos de Odessa, onde 46 pessoas morreram em um incêndio na sede sindical.
“A tragédia de Odessa mais uma vez confirma a natureza fascista, antipovo e ditatorial do atual governo”, declarou a bancada comunista.
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Agência Efe
Grupos pró-russos tomam posições em linha de trem em Slaviansk; líder comunista no parlamento condenou ação “antiterror”
O líder do Partido Radical e candidato presidencial, Oleg Lyashko, classificou de “momento histórico” a ausência forçada dos comunistas. “Espero que muito em breve esse partido traiçoeiro seja totalmente banido”, escreveu o parlamentar em sua conta no Facebook.
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Apesar da decisão do Parlamento de Kiev, um referendo por mais autonomia já está marcado para o próximo domingo (11/05) na região de Donetsk, palco de uma série de protestos de grupos pró-Rússia. Denis Pushilin, chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, espera um comparecimento de 60% da população eleitoral e garantiu que o pleito vai acontecer de qualquer jeito, “inclusive em meio a combates”.
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Candidata Yulia Tymoshenko
A ex-primeira-ministra e candidata à presidência da Ucrânia, Yulia Tymoshenko, disse hoje que se não ganhar as eleições de 25 de maio teria que liderar outra revolução.
“Eu não quero carregar a responsabilidade de novo de liderar uma revolução. Mas se o país eleger outro presidente, e neste caso só tenho um oponente, acho que teremos que ir para uma terceira onda revolucionária”, afirmou Tymoshenko. E acrescentou: “Porque não vejo nenhuma oportunidade de nenhuma mudança. Conheço toda essa gente”.
A ex-premiê se referia ao seu principal rival, o oligarca Petro Poroshenko, conhecido como “o rei do chocolate” por suas empresas de bombons e doces, que lidera as pesquisas.
Nova ofensiva em Mariupol
Após a ofensiva lançada pelas forças ucranianas contra as cidades de Slaviansk e Kramatorsk, os grupos pró-Rússia denunciaram hoje que uma outra operação foi iniciada, desta vez na cidade litorânea de Mariupol, em Donetsk.
“Acabam de chegar informações sobre um ataque em massa contra nossos postos de controle localizados no oeste da cidade. Pelo visto, começou o ataque”, disse um porta-voz dos oposiotores à imprensa russa. Segundo testemunhas, há vítimas.
Agência Efe
Após Odessa, Slaviansk e Kramatorsk, ofensiva ucraniana chegou também a Mariupol, segundo relatos
O presidente interino da Ucrânia, Aleksandr Turchinov, declarou hoje a mobilização parcial a fim de prosseguir a ofensiva contra as fortificações pró-Moscou. Turchinov nomeou também o novo chefe do Exército, o general Anatoli Pushniakov, veterano da guerra do Afeganistão com o exército soviético.
Todos estes passos mostram que Kiev intensificará sua ofensiva militar contra Slaviansk e Kramatorsk, redutos pró-Rússia na região de Donetsk, cujos arredores ontem foram palco de sangrentos combates. De acordo com o Ministério do Interior, quatro soldados e 30 milicianos morreram.
* Com informações da Agência Efe