“Nós lamentamos e estamos muito desiludidos com a posição do Brasil”, afirmou a Opera Mundi o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Yoel Barnea, em entrevista por telefone, nesta quinta-feira (24/07). A declaração vem um dia após o Itamaraty voltar a criticar a ofensiva de Tel Aviv na Faixa de Gaza, que já deixou 725 mortos do lado palestino.
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Efe
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“O comunicado é muito parcial e não se refere de jeito nenhum ao lado israelense, aos milhares de mísseis que foram lançados contra Israel nos últimos dias”, critica Barnea. “Além disso, não cita o Hamas e a sua vontade de assassinar o maior número de israelenses possíveis. Estamos falando de um organismo terrorista que tem como intenção destruir o Estado de Israel”, completa.
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro condenou “energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza”, alertou para o “elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”, reiterou um “imediato” cessar-fogo e chamou para consultas o embaixador do país em Tel Aviv, Henrique Sardinha Filho.
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“Lamentamos o Brasil ter retirado o embaixador em Tel Aviv. Nenhum país europeu, nem árabe, fez isso. Dos vizinhos, só Equador”, assinala o cônsul-geral. “Temos uma relação de amizade, mas se o Brasil gostaria de ter influência e contribuir para a paz, ele deveria ter uma política de visão mais equilibrada, levando em conta as necessidades dos dois lados, em vez de ignorar alguns importantes fatos no Oriente Médio”, acrescenta.
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Na mesma linha, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) manifestou indignação com a “abordagem unilateral” tomada pelo Itamaraty. Em comunicado, o órgão lamenta que a chancelaria brasileira “exime o grupo terrorista Hamas de responsabilidade” no atual panorama.
“Com uma abordagem que poupa de críticas um grupo que oprime a população de Gaza e persegue diversas minorias, o Brasil mina sua legítima aspiração de se credenciar como mediador no complexo conflito do Oriente Médio”, critica a nota.
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Hoje, fontes do Ministério da Saúde na Faixa de Gaza afirmam que pelo menos 15 pessoas morreram após um tanque israelense atacar uma escola da ONU, representando a quarta vez que uma instalação da organização é atingida desde que foi lançada, há 17 dias, a operação “Margem Protetora”, que já deixou mais de 725 mortos do lado palestino e 37 baixas entre israelenses.
Após a ofensiva, o Exército de Tel Aviv emitiu um comunicado assegurando que está “revisando” o incidente e ressaltou que o ataque pode ter sido causado por um foguete lançado de Gaza, território controlado pelo Hamas e cujo braço armado combate Israel.