Uma greve geral de 36 horas convocada na Argentina por centrais sindicais opositoras ao governo de Cristina Kirchner paralisou nesta quinta-feira (28/08) serviços de trens e parte do metrô e afetou voos de companhias aéreas nacionais (LAN e Aerolíneas Argentinas) e estrangeiras (como, por exemplo, as brasileiras TAM e Gol). No Aeroparque Jorge Newbery, principal destino e origem de voos domésticos, todas as operações foram canceladas, enquanto que, no aeroporto internacional de Ezeiza, o impacto foi menor.
A greve geral – a terceira do governo de Cristina Kirchner, no poder desde 2007, e a segunda em 2014 – foi convocada pela CGT-Azopardo (Confederação Geral do Trabalho), comandada pelo líder caminhoneiro e ex-aliado do governo Kirchner, Hugo Moyano; pela CTA Nacional (Central de trabalhadores da Argentina), e pelo grêmio dos trabalhadores de serviços gastronômicos.
Fotos: Aline Gatto Boueri/Opera Mundi
Linha A do metrô de Buenos Aires nesta quinta-feira; serviço tinha intervalos de meia hora
Entre as reivindicações da medida de força estão a eliminação do imposto sobre o salário, suspensão do pagamento e investigação da dívida externa, aumento salarial de emergência e aumento nos subsídios e aposentadorias, e a proibição de demissões.
O ministro de Trabalho, Carlos Tomada, declarou que o imposto de renda aplicado ao salário “só afeta 10% dos trabalhadores” e que sua eliminação “não é prioridade agora”. Ele também fez coro ao chefe de gabinete da presidência, Jorge Capitanich, que afirmou que “75% dos trabalhadores decidiram não aderir”.
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Por sua vez, Moyano respondeu às críticas dos funcionários e de setores do sindicalismo que o acusam de pressionar trabalhadores para que aderissem à medida de força e declarou que quem decidiu não trabalhar o fez de maneira “voluntária” e que “80% dos trabalhadores” cruzaram os braços.
Transporte público
Diferente da paralisação de abril, que esvaziou as ruas da capital, a medida de força desta quinta-feira (28/08) teve menos impacto por conta da falta de adesão da UTA, o sindicato que agrupa motoristas de ônibus. Duas das sete linhas de metrô de Buenos Aires aderiram à paralisação, enquanto as outras cinco funcionaram com intervalos de cerca de meia hora por redução de pessoal, segundo se informava aos passageiros nas estações.
Apesar da adesão do sindicato de serviços gastronômicos, muitos restaurantes estavam abertos, em grande parte pelo alto grau de precarização da categoria.
Centro de Buenos Aires teve movimento reduzido, mas serviço de ônibus funcionou normalmente
A convocatória das centrais sindicais não previa mobilizações, mas partidos de esquerda protestaram e fecharam vias de acesso a Buenos Aires, o que, junto com a paralisação do serviço de trens, diminuiu o fluxo entre a região metropolitana e a cidade. No centro da capital, havia muito menos movimento que o de costume, enquanto nos bairros residenciais as ruas tinham fluxo normal de pessoas e veículos.
Futebol
A AFA (Associação de Futebol Argentino) havia cancelado os jogos de hoje pela quarta rodada do campeonato argentino depois que a UTEDyC (União de Trabalhadores de Entidades Esportivas e Civis) aderiu à greve. No entanto, quando o sindicato de motoristas de ônibus declarou que não integraria a medida de força, os jogos desta quinta-feira foram reconfirmados.