Para contornar a violência nas escolas em Guerrero, estado mexicano onde 43 estudantes desapareceram em setembro, o governo local pretende contratar segurança privada para proteger professores e alunos. De acordo com o secretário de Educação Pública do estado, Salvador Martínez de la Rocca, 21 professores morreram e 10 foram sequestrados nos últimos meses devido à ação de grupos criminosos.
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O custo previsto para ampliar a segurança nas unidades escolares é de 22 milhões de pesos (R$ 3,88 milhões) ao ano. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (21/01) a uma rádio local, Martínez disse nunca ter visto situação “tão complexa como a que está sendo enfrentada pela sociedade, pois instituições de ensino estão em greve e o crime organizado está nas aulas”.
O secretário disse ainda que a cada quinze dias as quadrilhas analisam qual professor será o alvo do próximo sequestro. “Mataram 21 professores, sequestraram 10 e as professoras que foram sequestradas e estupradas não apresentaram queixas”, sugerindo que o número pode ser ainda maior.
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A situação é mais grave na cidade de Acapulco, no sudoeste do país. Das 1.267 escolas existentes, 198 não retomaram as atividades em janeiro, após o recesso de fim de ano, devido às ameaças sofridas por parte de grupos criminosos.
Por esse motivo, a Força Estatal foi enviada e está sendo empregada em uma operação chamada “volta às aulas”. Para garantir a integridade de alunos e professores, bem como de toda a comunidade escolar, o efetivo realiza rondas de vigilância permanente nas escolas.
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Martínez chegou a pedir, no começo do mês, que o crime organizado “deixe em paz os alunos, os professores, e não os sequestrem. Eles não têm dinheiro, são ‘pobressores’ ”. Em outra ocasião, ele lamentou a necessidade de ter a presença da Força Estatal nas escolas: “Que lástima que tenhamos um país onde polícias são enviadas para escolas. Que lástima de país”, afirmou.
Dados divulgados na última semana pelo Informe de Vítimas de Homicídio, Sequestro e Extorsão, elaborados pelo Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública, revelaram que entre janeiro e novembro de 2014, 2.032 pessoas morreram no estado de Guerrero e 120 foram sequestradas.