Após cogitar a expulsão da Grécia da zona do euro em caso de vitória do Syriza, a Alemanha parabenizou nesta segunda-feira (26/01) o partido de esquerda pelo resultado nas eleições: “Trabalharemos junto com o novo governo da Grécia”.
A equipe da chanceler Angela Merkel não foi a única representante do clube europeu pró-austeridade a felicitar o Syriza, abaixando o tom incisivo que predominava durante a campanha eleitoral. De uma maneira geral, a trinca de credores da “troika” — Comissão Europeia, BCE (Banco Central Europeu) e FMI (Fundo Monetário Internacional ) — e outros setores do establishment econômico parabenizaram a chegada da legenda ao poder por meio de eleições democráticas, mas se adiantaram: renegociar a dívida pública da Grécia está fora de questão.
Leia mais: Análise de Breno Altman: Vitória da esquerda grega chacoalha Europa
Agência Efe
Alexis Tsipras, líder do Syriza e novo premiê grego, celebra a vitória da esquerda nas eleições deste domingo
O francês Benoit Coeure, membro do conselho que dirige o BCE, já disse que o banco europeu não participará de nenhuma movimentação que desobrigue a Grécia de pagar os compromissos assumidos no pacote de austeridade contra a crise econômica, em vigor desde 2010. Como contrapartida ao “socorro” financeiro para lidar com a recessão econômica, os credores internacionais exigiram da Grécia uma série de compromissos austeros como rígido controle fiscal e corte de gastos.
NULL
NULL
Christine Lagarde, chefe do FMI, foi pelo mesmo caminho. “Há regras internas na zona do euro que precisam ser respeitadas”, disse, em entrevista ao jornal Le Monde publicada nesta segunda-feira (26/1). Para a economista, a Grécia não pode exigir “tratamento especial” apenas por conta da vitória de uma sigla antiausteridade nas eleições.
Em tom mais moderado do que seus pares da troika, a Comissão Europeia afirmou que “respeita” e tem disposição de “seguir ajudando” a Grécia nos “desafios” que o país enfrenta. “Promover o desenvolvimento e a criação de emprego de maneira sustentável, enquanto assegurada a responsabilidade fiscal, é um desafio comum ao redor da União Europeia”, assinala o comunicado de Jean-Claude Juncker, presidente do órgão executivo da UE.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, foi mais firme ao parabenizar o Syriza. Para o chefe da instituição que congrega os ministros da Fazenda e Finanças dos países-membros da zona do euro, não há apoio político no bloco para que a Grécia consiga moratória da dívida.
“Não acho que exista muito apoio na zona do euro para um perdão da dívida no valor nominal. E se os gregos querem mudar os termos do resgate, não vou negociar diante das câmaras, mas começarei a falar com eles assim que tenham tomado posse e estejam trabalhando”, disse Dijsselbloem, ministro holandês.