As fundações Nelson Mandela e Ahmed Kathrada declararam neste sábado (18/04) que a onda de violência e de ataques xenófobos que ocorre na África do Sul refletem a falta de memória dos “longos anos de luta” contra o sistema racista e segregacionista do apartheid.
EFE
Cidadãos vão às ruas pela paz na cidade de Durban, foco e origem de violência que se espalhou para outras regiões do país
“Nos esquecemos do apoio dado pelo povo do continente africano à luta contra o apartheid. Nos esquecemos do legado de líderes do movimento de libertação como Nelson Mandela, Ahmed Kathrada e outros veteranos dessa luta”, disseram os grupos em nota.
Pelo menos seis pessoas foram mortas em virtude dos distúrbios que começaram há três semanas na cidade portuária de Durban e que se intensificaram nas últimas horas, estendendo para o resto do país.
Os ataques têm sido realizados por cidadãos sul-africanos que exigem que imigrantes deixem o país. Muitos deles acusam estrangeiros de serem responsáveis por tirar trabalho e trazer criminalidade à nação, criticando o governo pela suposta tolerância excessiva com os estrangeiros que chegam sem documentação no país.
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Recentemente, os estrangeiros, que criticaram a falta de proteção concedida pelo governo sul-africano, começaram a se armar sob a justificativa de autodefesa. No entanto, a maioria fugiu por conta da escalada de violência. Segundo a ONU, mais de 5.000 estrangeiros – provenientes sobretudo de Moçambique, do Malauí e do Zimbábue – se deslocaram para campos de refugiados.
Na sexta-feira (17/04), Moçambique anunciou o fechamento parte de sua fronteira terrestre com a África do Sul, temendo atentados contra seus cidadãos. No dia anterior, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, condenou “nos termos mais duros possíveis” a violência xenófoba, acrescentando que as Forças Armadas transferiram 350 soldados para trabalhar como oficiais de imigração na fronteira.
A violência teve início após o rei zulu, Goodwill Zwelithini, declarar publicamente que os estrangeiros deveriam “fazer as malas e ir embora” da África do Sul. Posteriormente, ele afirmou que seus comentários foram mal interpretados. Outra onda semelhante aconteceu no país em 2008, quando distúrbios xenofóbicos deixaram 62 mortos e milhares de deslocados.
EFE
Moçambicano chega a campo de refugiados com seu filho após onda de ataques colocar sua família em risco