A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu nesta segunda-feira (04/05) o serviço de inteligência da Alemanha (BND, na sigla em alemão), após o órgão ter sido acusado na última semana de espionar empresas europeias e importantes funcionários da França e da Comissão Europeia, em colaboração com a NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA).
Em primeiro comentário público sobre o escândalo, a chefe de Governo apoiou a cooperação entre as inteligências alemã e norte-americana como forma de “luta contra o terror”, reportou a Reuters.
EFE/arquivo
Merkel comentou caso de espionagem nesta tarde
“Nós temos controle do BND no Parlamento. As agências trabalham juntas para garantir segurança pública e o governo alemão fará tudo que puder para garantir que elas irão cumprir seus deveres”, assegurou Merkel, admitindo a “tensão inata” entre segurança e liberdade. “É meu trabalho encontrar o equilíbrio certo”, acrescentou.
Aliado de Merkel, o ministro do Interior, Thomas de Mazière, nega as acusações de que teria mentido ao Parlamento sobre a cooperação com a NSA. A chancelaria alemã afirma que sabia dos interesses da agência dos EUA em espionar autoridades europeias desde 2008, embora o Parlamento alemão tenha dito em 2014 que não possuía nenhuma informação sobre essa questão.
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Por conta do escândalo, Mazière foi pressionado nos últimos dias a renunciar. Para muitos alemães, a vigilância em massa é um tema sensível à nação, em virtude dos abusos e espionagens feitas por organizações nazistas durante o governo de Adolf Hitler.
As revelações também geraram revolta da imprensa internacional, principalmente da França, que teve membros do ministério das Relações Externas e do Palácio do Eliseu espionados. Para Le Monde, o constrangimento atinge o governo de Angela Merkel “que sempre se portou como vítima [em relação à espionagem] perante seus aliados norte-americanos”.
O jornal francês alude ao choque de Berlim em 2013, após as denúncias do ex-agente da NSA Edward Snowden, que vazou documentos que atestavam os anos de espionagem até do telefone particular de Merkel. “Espionar amigos é inaceitável”, dissera a chanceler à época, dirigindo-se ao presidente dos EUA, Barack Obama.