Atualizada às 13h03
O papa Francisco publicou nesta quinta-feira (18/06) a encíclica sobre ecologia em que pede que as lideranças políticas e empresariais alterem o atual modelo de desenvolvimento que implica, por exemplo, a “tendência” de privatização da água por multinacionais e a sua consequente escassez.
EFE
Francisco pede que os países desenvolvidos ajudem os mais necessitados e apoiem desenvolvimento sustentável
No texto de 191 páginas, o pontífice ainda critica o comportamento “suicida” de um sistema econômico mundial que transformou o planeta em um “depósito de lixo”. Segundo ele, o “mercado cria um mecanismo compulsivo para promover os seus produtos”, mas este não pode ser o “paradigma” de vida da humanidade.
Intitulada “Laudato Si” (“Louvado Seja”), a encíclica é a primeira que Francisco escreveu sozinho e é considerada a obra mais importante de um líder da Igreja Católica. No documento apresentado mundialmente hoje, ele dedica a seção 2 do capítulo 1 para discutir sobre “a questão da água”.
“Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado”, denuncia.
Hay una íntima relación entre los pobres y la fragilidad del planeta. #LaudatoSi
— Papa Francisco (@Pontifex_es) 18 junho 2015
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“Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos”, completa.
Neste cenário, Francisco expressa preocupação com a qualidade da água disponível para os pobres, que “diariamente ceifa muitas vidas” em virtude de doenças. Além das dificuldades de obtenção de uma água potável e segura, o líder religioso teme que a escassez de água resultante do controle de grandes empresas mundiais se torne uma das “principais fontes de conflitos deste século”.
Como os interesses particulares prevalecem sobre o bem comum, o pontífice acredita que a aproximação ecológica deverá ser social. “O que está acontecendo nos coloca diante da urgência de avançar em uma ousada revolução cultural”, sugere, acrescentando que não propõe “voltar à época das cavernas”, mas sim “diminuir a marcha” para que nós possamos olhar a realidade de outra maneira.
O diretor-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Achim Steiner, agradeceu hoje ao apelo do papa Francisco à ação contra a mudança climática em sua encíclica sobre proteção do ambiente.
“Esta encíclica é um apelo que ressoa não só nos católicos, mas em todos os povos da Terra. A ciência e a religião estão alinhados nesta matéria: Agora é o momento de agir”, comentou Steiner.