Após quase dois anos e de guerra civil e em meio à ameaça de sanções feita pelas Nações Unidas, o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, assinou nesta quarta-feira (26/08) na capital do país, Juba, o acordo de paz entre o governo e os combatentes armados no país, mesmo ressaltando ter “grandes reservas” a respeito.
Nesta terça, o Conselho de Segurança da ONU ameaçou tomar “ações imediatas”, incluindo sanções econômicas e um embargo de armas ao Sudão do Sul, se o “acordo para solucionar a crise no Sudão do Sul”, não fosse assinado hoje.
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Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reuniu com presidente Salva Kiir em 2013 na Etiópia
A assinatura do acordo, no entanto, não é indício de que o país chegará à paz. Isso, porque no espaço de um ano e meio foram assinados oito acordos de cessar-fogo, incluindo o de hoje.
O processo foi intermediado pela Igad (Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento), formada por sete países da África Oriental e foi assinado em 17 de agosto pela facção opositora comandada pelo ex-vice-presidente Riek Machar. O termo do acordo também foi rubricado pelo secretário do Movimento Popular para a Libertação do Sudão, Pagan Amum, e várias outras personalidades revolucionárias.
Os partidos da oposição sul-sudanesa, no entanto, não assinaram esse acordo porque foram proibidos de viajar à capital da Etiópia, Adis Abeba, para participar da última rodada de discussões.
O documento assinado por Kiir tem 72 folhas, mas o governo sul-sudanês entregou outra versão, de 12 páginas, com os pontos do acordo com os quais discorda.
“Assinaremos o acordo, mas quero adverti-los que se surgir algum problema relacionado às nossas reservas, é preciso levá-las em consideração”, afirmou Kiir e acrescentou que “se não levarem a sério (as reservas), os danos não prejudicarão somente o Sudão do Sul, mas toda a região”.
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O principal ponto criticado pelo Executivo é a retirada de todas as forças armadas de Juba para uma distância de 25 quilômetros da capital.
O Sudão do Sul obteve independência em 2011, após décadas de conflito com o Sudão. Já a Guerra Civil teve início em dezembro de 2013, após as acusações feitas por Kiir (de etnia dinka) de que Machar (da etnia rival nuer) teria orquestrado um golpe de Estado contra ele.
O que começaram como uma disputa de poder ganhou contornos étnicos e se alastrou por todo o país. Calcula-se que morreram dezenas de milhares de pessoas e cerca de 2,2 milhões de sul-sudaneses deixaram suas casas.