O governo japonês anunciou nesta sexta-feira (27/11) que vai retomar a caça de baleias na Antártida no início de 2016. O anúncio confronta a decisão da Corte Internacional de Justiça de 2014, que estipulou que o país interrompesse definitivamente as operações de caça às baleias.
O Japão afirma ter levado a decisão da CIJ em consideração e que suas operações “com fins científicos” serão muito menores do que as realizadas até um ano atrás, quando o país pausou a caça às baleias devido à pressão internacional.
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Baleia e filhote capturados por baleeiro japonês; CIJ concluiu que não é necessário matar baleias para estudá-las
Os governos da Austrália e do Reino Unido, assim como grupos ambientalistas internacionais, condenaram a decisão do governo japonês. “Não aceitamos de maneira alguma o conceito de matar baleias para o que eles dizem ser ‘pesquisa científica’”, afirmou o ministro do Meio Ambiente australiano, Greg Hunt.
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“Estamos profundamente desapontados com a decisão japonesa de retomar a caça às baleias”, declarou o Departamento de Questões Ambientais, Alimentares e Agrárias do Reino Unido (Defra, na sigla em inglês). “A medida enfraquece o banimento global à caça comercial de baleias, apoiado pelo Reino Unido.”
A frota de baleeiros japoneses deve zarpar nas próximas semanas em direção à Antártida, afirma a BBC. O plano japonês é capturar 333 baleias-anãs (baleia-minke), reduzindo em dois terços o saldo de baleias capturadas anualmente pelo país até o ano passado.
Takver / Flickr CC
Protesto em Melbourne, na Austrália, em 2007, contra a caça de baleias promovida pelo Japão
Em 2014, a Austrália venceu o processo que instaurou contra o Japão na Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia, na Holanda. A CIJ estabeleceu que o programa japonês de caça às baleias não era “científico” como o país alegava e ordenou que o Japão interrompesse as operações. Segundo a Corte, não é necessário que o país mate baleias para estudá-las.
O Japão iniciou seu programa de caça às baleias em 1987, um ano depois do estabelecimento de uma moratória internacional à atividade. O país sustenta que a maioria das espécies de baleia não está ameaçada e que o consumo de carne de baleia é parte de sua cultura alimentar.
Segundo a CIJ, o Japão capturou cerca de 3.600 baleias-anãs entre 2005 e 2014.