Paul Manafort, chefe de campanha do candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, recebeu durante 6 anos quase US$ 13 milhões procedentes de um partido pró-Rússia na Ucrânia, segundo investigação ucraniana publicada nesta segunda-feira (15/08) no jornal norte-americano The New York Times.
Assim consta em livros de contabilidade secretos do Partido das Regiões do ex-presidente Viktor Yanukovich, revelados agora pelo Escritório Anticorrupção em Kiev, onde aparecem refletidos pagamentos com dinheiro a Manafort no valor de US$ 12,7 milhões.
Os investigadores ucranianos acreditam que esses pagamentos, que foram escritos à mão entre 2007 e 2012 nesses livros, fazem parte de um sistema de contabilidade ilegal do partido de Yanukovich.
Agência Efe
Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, durante ato de campanha nesta segunda-feira
A investigação realizada pela Promotoria ucraniana aponta também para uma rede de empresas estabelecidas em paraísos fiscais que ajudaram membros do círculo próximo de Yanukovich a financiar seu “suntuoso” estilo de vida.
O NYT afirma que entre as transações duvidosas há um acordo no valor de US$ 18 milhões para vender ativos de uma televisão a cabo a um consórcio montado por Manafort e o oligarca russo Oleg Deripaska, aliado do presidente russo, Vladimir Putin.
Ainda não foi provado se Manafort recebeu os pagamentos e ele não está sendo investigado pelas atividades em paraísos fiscais do entorno de Yanukovich, mas os promotores acreditam que ele deveria conhecer o envolvimento de suas gestões financeiras, acrescentou o jornal.
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“Paul Manafort está nas 'contas opacas' do Partido das Regiões e seu nome aparece em 22 ocasiões, mas queremos deixar claro que sua presença na lista não necessariamente mostra que recebeu o dinheiro”, segundo o Escritório Anticorrupção em Kiev.
As autoridades ucranianas admitem que ainda não está claro o propósito desses pagamentos registrados nos livros de contabilidade secretos porque as assinaturas que aparecem na coluna de receptores “têm que ser verificadas” e podem pertencer “a outras pessoas”.
Através de seu advogado, Richard Hibey, o chefe de campanha de Trump garantiu ao NYT que “jamais recebeu esse tipo de pagamento” e acrescentou que trata-se de meras “suposições” e que “muito provavelmente” estejam impregnadas de “interesses políticos”.
Manafort dedicou grande parte de sua carreira profissional à consultoria internacional, desde que começou a trabalhar nos anos 1980 com o ditador filipino Ferdinand Marcos até o ex-presidente Yanukovich, um de seus últimos clientes, segundo o New York Times.
Ainda de acordo com o NYT, o atual chefe de campanha de Trump e sua consultoria ajudaram Yanukovich a ganhar várias eleições na Ucrânia. Neste período, Manafort nunca se registrou como agente estrangeiro no Departamento de Justiça dos EUA.