O Exército Vermelho, sob comando do general Gueorgui Jukov, lança em 19 de novembro de 1942 a Operação Uranus, grande contra-ofensiva soviética que virou a maré na Batalha de Stalingrado.
Em 22 de junho de 1941, a despeito do Pacto de Não Agressão Molotov-Ribbentrop de 1939, a Alemanha nazista desencadeou uma maciça invasão contra a União Soviética. Ajudado pela sua grande superioridade aérea, a Wehrmacht investiu pelas planícies russas, infligindo terríveis baixas ao Exército Vermelho e à população civil. Com a assistência de tropas de seus aliados, os alemães conquistaram, um vasto território e já em meados de outubro as grandes cidades russas, como Leningrado e Moscou, estavam praticamente sitiadas. Todavia, os soviéticos resistiram heroicamente e com a chegada do inverno forçaram os alemães a uma pausa em sua ofensiva.
Para a ofensiva de verão de 1942, Hitler ordenou que o 6º Exército sob o comando do general Friedrich von Paulus tomasse Stalingrado no sul, um pólo industrial e obstáculo ao controle nazista dos preciosos poços petrolíferos do Cáucaso. Em agosto, o 6º Exército consegue atravessar o rio Volga enquanto a aviação alemã reduzia Stalingrado a chamas, matando mais de 40 mil civis.
Batalha de Stalingrado
No começo de setembro Von Paulus ordenou as primeiras ofensivas cidade adentro, estimando que em 10 dias a teria sob controle. Começava então seguramente a mais tenaz batalha da Segunda Guerra Mundial e seguramente a mais importante porque seria o ponto de virada da guerra entre a Alemanha e a União Soviética.
Na tentativa de tomar Stalingrado, os alemães tiveram de se defrontar com um Exército Vermelho empregando as ruínas da cidade em seu favor, transformando os edifícios destruídos e os escombros como fortificações defensivas naturais. Num método de luta que os alemães denominaram de Rattenkrieg, ou “Guerra de Ratos”, as forças em confronto lutavam por cada casa e cada centímetro de terreno. Contudo, para ambos os lados eram rigorosamente escassos os suprimentos de alimento, água e medicamentos e dezenas de milhares de combatentes morriam a cada semana.
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Soldados na Operação Uranus
Vitória soviética
Porém, o líder soviético Joseph Stalin ordenou em novembro maciços reforços para a área. Em 19 de novembro o general Jukov lançou uma grande contra-ofensiva a partir dos escombros de Stalingrado. O comando germânico subestimou a escala do contra-ataque e não demorou a que o 6º Exército se visse superado pela ofensiva que envolveu 500 mil soldados soviéticos, 900 tanques T-34 e 1400 aviões.
Em três dias, toda a máquina de guerra alemã de mais de 200 mil homens estava cercada. As tropas romenas e italianas renderam-se, mas os alemães resistiram, recebendo por ar suprimentos limitados enquanto aguardavam reforço em suas posições.
Hitler ordenou a Von Paulus que permanecesse no local e o proibiu de se render. Para estimulá-lo, o promoveu a marechal de campo, aduzindo que nunca um marechal nazista havia capitulado. A fome e o rigoroso inverno causaram baixas, mas não tantas quanto nas tropas soviéticas. Em 21 de janeiro de 1943, o ultimo dos aeroportos detidos pelos alemães foi tomado pelos soviéticos, cortando completamente o fluxo logístico. Em 31 de janeiro, Von Paulus fez as tropas do setor sul se renderem e em 2 de fevereiro o restante do 6º Exército também capitulou. Apenas 90 mil soldados alemães estavam ainda vivos.
A Batalha de Stalingrado quebrou a espinha dorsal da Wehrmacht. O general Jukov, que desempenhou papel central na vitória, mais tarde conduziria o avanço do Exército Vermelho sobre Berlim. Em 1º de maio de 1945, ele pessoalmente aceitou a rendição alemã em Berlim. Von Paulus, por sua vez, prestou depoimento ao Tribunal Militar Internacional de Nuremberg. Após sua libertação pelos soviéticos em 1953, estabeleceu-se na Alemanha Oriental.