Jovem atirador de iogurte fazendo a “marcha da vergonha” segundo a Lei 4000. Fonte: Revista Studio
Em março de 2011, a vítima foi o vice-primeiro-ministro Theodoros Pangalos, atacado em um restaurante nos arredores de Atenas. Alguns meses depois, o ministro do Interior, Haris Kastanidis, estava no cinema assistindo a “Meia-noite em Paris” quando um grupo de estudantes interrompeu a projeção gritando ao político: “Vocês acabaram com a nossa vida! Nos condenaram ao desemprego! Você não se envergonha? Você deveria ir embora da Grécia, todos vocês deveriam ir embora!” Em seguida, o ataque. Em junho de 2011, a deputada Liana Kanelli foi surpreendida enquanto entrava no Parlamento para votar mais um pacote de medidas de austeridade.
A arma dos manifestantes gregos? O iogurte. A tradição do yaourtoma, o “arremesso de iogurte”, já existia nos anos 1950, a princípio como uma forma de provocação e desafio à autoridade da parte de jovens gregos, que atacavam praticamente qualquer pessoa com mais de trinta anos. Em 1958, a Lei 4000, promulgada pelo governo conservador de Konstantínos Karamanlís (e que deu origem ao filme homônimo do cineasta Giannis Dalianidis, em 1962), contemplava a prisão de qualquer um que se atrevesse a lançar iogurte na face alheia, e não só: os policiais tinham autorização para raspar a cabeça dos imputados e humilhá-los em praça pública. A lei só foi revogada em 1983, pelo socialista Andreas Papandreou.
Com a crise, o iogurte voltou a ser usado pelos gregos como forma de protesto político. Segundo a revista italiana Studio, o iogurte arremessado costuma ser proveniente das pequenas cooperativas de laticínios da Grécia. O ataque seria portanto uma forma de “fazer os políticos se recordarem de sua identidade grega”, já que eles são acusados pela população de implementar medidas que não só não pertencem à cultura política e econômica nacional, mas que constituem uma verdadeira traição ao país.
Leia mais sobre esta peculiar forma de protesto, em italiano, no site da revista Studio.
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