Grafite do artista Absent, imagem via The Wake Up Call
Desde o início da crise na Grécia, os grafites que figuram nos muros de Atenas têm se tornado cada vez mais politizados, refletindo a tensão social e o drama que atinge toda a população, como destaca o site italiano Valigia Blu. O jornalista grego Kostas Kallergis acompanhou o trabalho de quatro grafiteiros ao longo dos últimos meses, e acaba de realizar o documentário The Wake Up Call. O curta-metragem com cerca de 16 minutos é definido pelo próprio diretor como “uma instantânea da Atenas de hoje: uma foto em que se podem ver a arte urbana, a insatisfação, a política, o dissenso e, em maior medida, o pessimismo.”
Os grafites nas ruas de Atenas seriam um espelho do humor geral da população grega: “Certamente há muita raiva, mas não há sede de violência – por enquanto. O humor é mais pessimista e fatalista. Os grafites refletem esse estado de ânimo de uma maneira quase pós-apocalíptica, pintando um cenário em que as pessoas caminham em uma cidade cinza e as únicas cores que as circundam são as cores da guerrilha urbana.”
Para Kallergis, o povo grego não espera mais nada do governo. “Dois anos sem nenhuma esperança são o suficiente para fazer com que as pessoas se cansem das regras e da moderação política. Através da arte de rua os artistas encontram um espaço de liberdade – sem muitas ilusões, porém.” A perda dos bens materiais também seria a perda do medo: “As pessoas têm menos medo de mudar, de se expressar e – espero – de votar por algo diferente.”
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Leia o especial Grécia: relatos de uma crise sem fim no site Opera Mundi
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