Cacá Lima
Identificação de animais na pista: 450 milhões de animais silvestres são mortos anualmente nas estradas brasileiras
Lançado em abril, o sistema Urubu Mobile, aplicativo desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras, é a mais nova arma de combate ao drástico número de 450 milhões de animais silvestres mortos anualmente nas estradas brasileiras. A estimativa é do professor Alex Bager, coordenador do CBEE, e foi desenvolvida a partir de 14 estudos publicados sobre o tema no Brasil.
O sistema que já vinha sendo testado a algum tempo, consiste em um aplicativo para smartphone e tablets com sistema Android. Qualquer usuário dessas tecnologias pode baixar gratuitamente e colaborar com o monitoramento de atropelamentos de fauna. Ao encontrar um animal atingido, o usuário utiliza o aplicativo para fotografá-lo e insere dados como coordenadas geográficas. A data e hora do registro são automaticamente anexados à foto e vão para o banco de dados do CBEE. Uma equipe especializada e consultores identificam a espécie. Se pelos menos três técnicos concordarem sobre os dados, ele vai para o sistema.
Com esse aplicativo simples, mas inédito, Alex pretende obter informações mais concretas sobre onde, quando e quais as principais espécies atropeladas. “A ecologia de estradas ainda é muito recente no Brasil e sabemos muito pouco do que realmente acontece na malha viária do país”, diz ele. “Com isso fica complicado até mesmo propor medidas de mitigação de impacto.”
Divulgação
Urubu no celular: informações seguras sobre as espécies atropeladas
Rede de conservação
O CBEE tem parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão ambiental do governo), órgãos estaduais, e organizações não governamentais, como a Rede Nacional Pró Unidades de Conservação. Essa articulação toda é vital para que o sistema seja amplamente utilizado por quem está próximo ou dentro das Unidades de Conservação e possa contabilizar com maior precisão o impacto causado pelo atropelamento nessas áreas.
Saindo do universo acadêmico, porém, a ideia é que o Urubu Mobile seja acessível a todos. “Queremos que todo mundo utilize o aplicativo”, diz Alex, “desde caminhoneiros e motoristas em geral até funcionários de concessionárias que administram as rodovias; dos adolescentes que estão no banco do passageiro a mães que levam seus filhos à escola. Queremos que o Urubu vire uma febre e torne-se a maior rede social da conservação da biodiversidade brasileira”.
Para estimular a participação do público, o CBEE disponibilizará todos os dados de atropelamentos no seu portal, para que qualquer interessado possa saber o que acontece em sua região e se motive a colaborar.
No dia do lançamento, 150 pessoas imediatamente baixaram o aplicativo, e nos próximos dois anos a expectativa é que pelo menos outras cinco mil pessoas façam parte dessa rede.
Texto originalmente publicado em O Eco, site independente dedicado à cobertura de assuntos do meio ambiente.
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