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20 Minutos

Daniel Buarque: com Bolsonaro, prestígio internacional do Brasil despencou

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Percepção global sobre o país foi da euforia com Lula à depressão com o atual presidente, segundo autor do livro 'O Brasil É um País Sério?'; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-06-30T19:30:00.000Z

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O jornalista e pesquisador de Relações Exteriores Daniel Buarque afirmou, no programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quinta-feira (30/06), que a chegada de Jair Bolsonaro ao poder no Brasil interrompeu uma trajetória de continuidade na política externa do país, até então historicamente pautada pela busca de prestígio internacional. 

“Havia uma crença interna de que existia uma política externa independente de governos. Com a chegada de Bolsonaro e Ernesto Araújo, isso se desfez completamente. O país passou a ter um chanceler que dizia publicamente que não tinha nenhuma preocupação com a imagem do Brasil”, afirmou Buarque, que acaba de lançar o livro O Brasil É um País Sério? - Ensaios sobre a Imagem Internacional, da Euforia à Depressão (Editora Pioneira).

O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira na Amazônia é hoje o principal catalisador da piora cada vez mais acentuada da imagem internacional do Brasil, cujo governo atual é compreendido internacionalmente como de extrema direita. 

Monitorando as menções ao Brasil na mídia global em seu portal Interesse Nacional, Buarque registra que 70% delas são negativas, não apenas no noticiário, mas também nos editoriais. "A morte de Phillips e Pereira é vista como maior símbolo de desmonte de políticas de proteção da Amazônia e das comunidades indígenas e do descaso geral do governo brasileiro”, afirma, demarcando que os assassinatos se associam diretamente a Bolsonaro na percepção internacional.

Para ele, as associações se materializam com a imagem já corroída pelo aumento do desmatamento e pelo discurso antipreservação ambiental por parte do governo.

No polo oposto à realidade atual, Buarque classifica o ano de 2010 como o auge da euforia internacional em relação ao Brasil, que começou a ser erodida a seguir. “A empolgação era muito guiada pela questão econômica, porque em 2008 o mundo todo tinha afundado e o Brasil tinha conseguido se manter estável. Isso alimentou uma narrativa sobre a ascensão do Brasil que migrava para outras áreas também”, disse.

Sob governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nesse momento o Brasil deixava de ser visto como um país-problema e em algumas circunstâncias chegou a ser interpretado como nação que trazia solução para problemas globais. 

Na interpretação de Buarque, um primeiro ponto de inflexão foi causado pela mediação exercida pelo presidente Lula na assinatura de um acordo nuclear entre o Irã e a Turquia, em 2010. “Era como se o Brasil tivesse dado um passo maior do que a perna, tentando se envolver em temas que não eram relevantes para o país do ponto de vista das potências globais do Ocidente, especialmente Estados Unidos e União Europeia”, avalia. 

Reprodução YouTube/Opera Mundi
Daniel Buarque, jornalista e pesquisador de Relações Exteriores

As Jornadas de Junho de 2013 e a Copa do Mundo no Brasil em 2014 foram decisivas na erosão da imagem internacional do país. Assim como o impeachment de de Dilma Rousseff, que aprofundou a negativação da imagem do país.

Eleição de Bolsonaro

A eleição de Jair Bolsonaro em 2018 vem desfazer completamente a imagem positiva do país, que Buarque define a partir de então como de depressão. “Era uma candidatura incompreensível para o resto do mundo, de uma pessoa apontada como execrável pelos principais observadores externos”, define. 

O pesquisador interpreta que, após os dois anos de Ernesto Araújo à frente do Itamaraty, há um tentativa de retomada da normalidade sob o comando do chanceler Carlos França. O Ministério de Relações Exteriores segue defendendo Bolsonaro "com um discurso bizarro especialmente em torno de Amazônia", mas há uma tentativa de respeitar os ritos burocráticos. 

De intensidade comparável é a reação mundial ao comportamento de Bolsonaro diante da pandemia, associado ao que havia de pior no combate à covid-19: “Ele foi visto como líder dos avestruzes, o grupo que enfiava a cabeça na terra para se esconder e fingir que não estava acontecendo nada", afirmou.

Buarque vê ambiguidade no alinhamento e na submissão do governo atual ao governo norte-americano. Apesar da idolatria à imagem dos Estados Unidos, a aliança seria mais pessoal, de Bolsonaro com Donald Trump, que com o país propriamente dito.

“Existe uma expectativa de que o governo norte-americano pressione o Brasil por um processo democrático na eleição, não aceite e não reconheça uma tentativa de golpe, o que é muito importante quando se considera o papel dos Estados Unidos em 1964, de legitimar a ditadura”, analisa, lembrando que não houve alinhamento do Estado brasileiro com Estados Unidos e Europa na guerra na Ucrânia. 

“O governo Biden vê Bolsonaro como um apaixonado por Trump, visto primeiro como um Trump tropical e até agora como trumpista”, recorda. 

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Direitos Humanos

Exército de Israel invade e fecha sete organizações de direitos humanos da Palestina

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Grupos entraram na lista de 'organizações terroristas' e sofreram ataque na madrugada desta quinta (18/08) na Cisjordânia

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-08-18T19:05:00.000Z

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Nesta quinta-feira (18/08), militares de Israel invadiram e fecharam a sede de sete organizações não governamentais e de direitos humanos palestinas nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na região ocupada da Cisjordânia. Seis delas já haviam sido caracterizadas por Israel como organizações “terroristas”, em outubro de 2021, e acusadas de ter vínculos com a Frente Popular de Libertação pela Palestina (FPLP).

Os escritórios das organizações foram saqueados e seus equipamentos confiscados. As portas foram fechadas com solda, com uma ordem militar israelense declarando a "ilegalidade" das organizações.

As organizações atingidas são: Addameer (palavra em árabe para "consciência"), al-Haq (palavra para "justiça"), Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC), Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento, Comitê da União das Mulheres Palestinas (UPWC) e o Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde (UHWC).

"Encontramos um documento colado na porta, apenas em hebraico, dizendo que esta é uma organização fechada, não temos permissão para entrar e nenhum período de tempo é especificado", denunciou o diretor do Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde, Mazen Rantisi. 

A ação militar aconteceu na madrugada, logo após o assassinato de  Waseem Nasr Khalifa, de 20 anos, no campo de refugiados de Balata, arredores da cidade de Nablus, norte da Cisjordânia ocupada. Outros  quatro palestinos ficaram feridos por arma de fogo, três  estariam em estado crítico. Os diretores das organizações de direitos humanos dizem que já esperavam a repressão das forças israelenses após serem classificadas como "organizações terroristas" e agora temem por possíveis detenções ou outras represálias.

Existem aproximadamente 4,5 mil palestinos detidos em prisões israelenses, deste total, cerca de 500 são presos administrativos - sem acusação formal ou julgamento.  

"Este ataque visa intimidar e reestruturar a sociedade civil palestina para parar de documentar e expor os abusos e violações da ocupação israelense", disse Shawan Jabarin, diretor-geral da organização de direitos humanos Al-Haq. 

As ONGs, no entanto, asseguram que continuarão seu trabalho. "Não é um trabalho para nós, é convicção, é fé", disse Jabarin. Os grupos afetados ainda convocaram um protesto em frente aos escritórios da Al-Haq no centro de Ramallah na quinta-feira ao meio-dia para protestar contra as incursões e o fechamento de seus escritórios.

Reprodução
Forças de Israel invadem sedes de organizações não-governamentais nas cidades de Ramallah e al-Bireh, na Palestina ocupada

O secretário-geral do Comitê Executivo da Organização pela Liberdade Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenou o fechamento dizendo que a decisão busca silenciar a "voz da verdade e da justiça". 

"Vamos apelar a todos os órgãos internacionais oficiais e instituições de direitos humanos para intervir imediatamente para condenar esse comportamento dos ocupantes e pressioná-los a reabrir as instituições para que possam exercer suas atividades livremente", publicou.

O presidente do Conselho Nacional Palestino, Rawhhi Fattouh classificou a ação como "um ato de intimidação e uma tentativa desesperada de encobrir as provas dos crimes e violações diários do ocupante contra civis palestinos".

Já o ministro de Justiça da Palestina, Mohammad Shalaldeh, disse que irá solicitar uma posição do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e do Conselho de Segurança. "Esse ataque fere o princípio internacional dos direitos humanos". 

Com a campanha "Stand we the six" (Apoie os seis) meios de comunicação palestinos e israelenses se solidarizaram com as ONGs palestinas. "Este regime [de Israel] considera a repressão violenta uma ferramenta legítima para controlar os palestinos, mas define a atividade civil não-violenta como terrorismo", declaram em comunicado.

As organizações palestinas também tiveram apoio de representantes da Missão Europeia e outros países, entre eles de Bélgica, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Itália, México, Holanda, Noruega, Polônia, Espanha, Suécia e Reino Unido. 

A Igreja Episcopal de Ramallah publicou uma declaração em solidariedade e exigindo uma investigação completa do caso. 

A relatora especial das Nações Unidas para a Palestina, Francisca Albanese, também condenou a ação de Tel Aviv. "Minha total solidariedade às ONGs palestinas que acabam de ter seus escritórios invadidos pelas forças israelenses. Esta nova ação ilegal é prova de seu excelente trabalho pela justiça e direitos humanos palestinos, e o pânico moral que estão causando ao ocupante", publicou.

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