“Os vampiros voltaram a atacar”, considerou Arthur Chioro, que foi ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff e atual presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Plasma.
Chioro analisou durante o programa 20 MINUTOS, de Opera Mundi, a proposta de emenda à Constituição nº 10, de 2022, (PEC 10/2022), chamada PEC do Plasma, apresentada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), que objetiva a comercialização do plasma humano, como “uma das questões mais críticas” que passam pelo Congresso nesse momento.
Também na quarta, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a medida por 15 votos a 11, que agora segue para o plenário, e se aprovado, para a Câmara.
A PEC tenta modificar o trecho da Constituição que impede o envolvimento do setor privado na área, informando que a doação do plasma precisa ser uma atividade voluntária, uma vez que envolve a doação de sangue tanto para transfusões, quanto para o tratamento de doenças.
A tentativa de “comercializar sangue e hemoderivados”, mencionada pelo especialista, é identificada pela Fiocruz como um grande risco. “A comercialização de plasma pode trazer impacto negativo nas doações voluntárias de sangue, pois há estudos que sugerem que, quando as doações são remuneradas, as pessoas podem ser menos propensas a doar por motivos altruístas”, informou um comunicado da organização.
Para a Fiocruz, a medida por trazer riscos para a qualidade e segurança das doações de plasma, aumentando também as desigualdades sociais.
Twitter/Senado Federal
PEC do Plasma objetiva a comercialização do sangue e seus derivados, aponta ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff
Inimigos do SUS precisam de regulamentação
Apesar de grandes parcerias com o Sistema Único de Saúde, Chioro apontou que há uma grande lista de “inimigos do SUS”, entre eles, empresas privadas com interesses lucrativos, como a indústria do tabaco e agrotóxicos.
“Existe uma retomada dos esforços da indústria do tabaco em destruir uma das mais exitosas políticas que construímos, que foi contra o tabagismo, seja com o narguilé ou mesmo o cigarro eletrônico”, avaliou.
O ex-ministro também mencionou a liberação desenfreada de agrotóxicos, “que tem um grande impacto sobre a saúde pública”, lembrando que o trabalhador rural pode sentir efeitos imediatos, mas os consumidores podem ser afetados de médio a longo prazo.
“Existe uma contradição quando a saúde é tratada como mercadoria. Como a constituição prevê a participação do setor privado em caráter complementar para prestar serviços, é necessário uma forte regulamentação onde esse mercado atua”, completou.
A entrevista de Chioro ao programa 20 MINUTOS de Opera Mundi, na última quarta-feira (4/10), também abordou temas como os esforços do governo Lula para cobertura vacinal na população e a nova imagem que o SUS tem para os brasileiros após a pandemia.
A conversa do especialista com o diretor de redação de Opera Mundi, Haroldo Ceravolo Sereza, está disponível na íntegra: